Substância encontrada na gema de ovo pode combater Parkinson e outras doenças

A substância atua como analgésico e anti-inflamatório, além de apresentar resultados promissores contra gripes, esclerose múltipla e AVC
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 29/10/2024 06h02
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Imagem: SoftSheep/Shutterstock
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O ovo é considerado um dos alimentos mais completos que existem. No entanto, ele pode guardar alguns benefícios ainda não totalmente conhecidos pela ciência. Pelo menos é isso o que indica um novo artigo.

O trabalho destaca os efeitos da Palmitoiletanolamida (PEA), uma substância encontrada na gema do ovo e que tem uma ação que pode ser comparada a dos canabinoides, compostos químicos extraídos da planta Cannabis. A vantagem deste outro composto, entretanto, é que ele pode ser vendido sem a necessidade de prescrição médica.

Substância atua como analgésico e anti-inflamatório

De acordo com o artigo escrito pelo doutor em Farmacologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Fabricio Pamplona, e publicado no The Conversation, a substância tem se mostrado eficaz como analgésico e anti-inflamatório. Além disso, tem apresentado resultados promissores no tratamento de gripes, esclerose múltipla, glaucoma, endometriose, acidentes vasculares cerebrais (AVC), Parkinson e várias outras doenças.

Dor na coluna
Substância tem efeito contra a dor (Imagem: wavebreakmedia/Shutterstock)

A Palmitoiletanolamida (PEA) foi descoberta há mais de 60 anos como um nutriente biologicamente ativo presente na lecitina de soja (suplemento extraído do óleo dos grãos da planta), nas gemas de ovo e na farinha de amendoim. Ela é sintetizada no corpo em diversos tipos de células, incluindo células imunológicas, neurônios e células da glia (conjunto de células do sistema nervoso central que sustentam e nutrem os neurônios), especialmente em resposta a estímulos como inflamação ou lesões.

Segundo o autor do trabalho, trata-se de um “canabimimético”, uma substância que imita os efeitos dos canabinoides endógenos (produzidos pelo próprio organismo) e da Cannabis no corpo, interagindo com os mesmos receptores e vias metabólicas, sem ser derivada da planta. Um diferencial, no entanto, é que o composto é produzido na gema de ovo e em algumas outras fontes naturais, fazendo com que seja relativamente fácil obtê-lo em concentrações maiores.

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Palmitoiletanolamida apresentou resultados promissores em estudos realizados com pacientes com Parkinson (Imagem: SpeedKingz/Shutterstock)

Resultados promissores no tratamento de doenças neurodegenerativas

  • A Palmitoiletanolamida foi identificada pela primeira vez como componente ativo que bloqueava a anafilaxia articular passiva, uma reação alérgica grave, em porquinhos-da-índia.
  • Estudos posteriores demonstraram que a substância reduzia os sintomas virais e da gripe, apesar destes benefícios ainda serem amplamente ignorados pela comunidade científica, segundo o autor do artigo.
  • Outros trabalhos ainda confirmaram que a suplementação de PEA pode oferecer efeitos como a redução da dor, anti-inflamatórios e neuroprotetores, além de melhorar sintomas associados a transtornos depressivos, entre outros.
  • Não há registro de eventos adversos causados pela ingestão da substância.
  • Recentemente, uma pesquisa ainda concluiu que a Palmitoiletanolamida pode reduzir significativamente os sintomas de pacientes com Parkinson, além de ter um grande potencial em terapias de reabilitação neurológica.
  • Também foram verificados benefícios em pessoas com esclerose múltipla.
  • Nestes casos, a PEA foi capaz de reduzir a inflamação, aliviar a dor e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.