Após incêndios florestais, Cerrado dá sinais de recuperação

A volta das chuvas fez com que pequenas plantas começassem a crescer rapidamente e novas folhas brotassem em árvores no Cerrado
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Flavia Correia 04/11/2024 12h52, atualizada em 04/12/2024 15h36
Destaque-Cerrado-1-1920x1080
Imagem: Lbotton/Wikimedia Commons
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

O Cerrado é considerado a savana com a maior riqueza de espécies do mundo. O bioma cobre quase um quinto de toda a superfície do Brasil e foi palco de uma série de grandes incêndios florestais nos últimos meses.

No Parque Nacional de Brasília, por exemplo, as chamas devastaram 1.470 hectares de vegetação apenas em setembro. Felizmente, este é um dos locais mais resistentes do planeta e já dá mostras de recuperação.

Bioma apresenta grande resiliência

  • Cientistas explicam que o Cerrado desenvolveu uma alta resistência às chamas e às altas temperaturas ao longo de milhares de anos.
  • O sistema radicular profundo existente no local age como uma “bomba” que suga a água subterrânea mesmo durante a seca extrema.
  • Enquanto isso, acima do solo, a casca grossa das árvores e as cascas dos frutos atuam como isolantes térmicos.
  • Mesmo que as temperaturas cheguem a 800ºC, a vegetação pode sobreviver.
  • E é isso o que está acontecendo.
  • Após os fortes incêndios, as primeiras chuvas possibilitaram que grama e pequenas plantas começassem a crescer rapidamente, e novas folhas brotaram em árvores carbonizadas no Parque Nacional de Brasília.
  • As informações são do Phys.org.
Imagem mostra uma vegetação do Cerrado passando por queimadas
Milhares de hectares de vegetação foram consumidos (Imagem: Jose Cruz/Agência Brasil)

Leia mais

Mudanças climáticas ameaçam o Cerrado

Apesar desta capacidade de regeneração, especialistas alertam que o Cerrado está vulnerável às mudanças climáticas. Com secas extremas cada vez mais frequentes, a resiliência do bioma enfrenta um grande desafio.

A resistência que as plantas e os animais têm a qualquer tipo de fogo foi desenvolvida ao longo de milhões de anos, mas as mudanças climáticas ocorrem em questão de décadas. Nenhum organismo pode se adaptar tão rapidamente, destacam os cientistas.

Paisagem do cerrado no Brasil
Cerrado é considerado vital para várias espécies (Imagem: Marcio Francisco Martins/Wikimedia Commons)

O Cerrado ainda é crucial para o abastecimento de água de grande parte da América do Sul. O bioma abriga as nascentes de alguns dos maiores rios e aquíferos do continente. Mas até isso está em perigo.

Com a estação chuvosa começando cada vez mais tarde a cada ano e a quantidade de chuva diminuindo em 8%, em média, nas últimas três décadas, o fluxo dos rios caiu 15% na região. Tudo isso liga um alerta: se os incêndios florestais se tornarem mais frequentes muitos ecossistemas simplesmente irão desaparecer, causando impactos dramáticos no nosso planeta.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.