Astrônomos querem impedir megaconstelações de satélites; entenda

Em carta aberta, cientistas avaliam riscos ambientais das megaconstelações de satélites e apelam para o impedimento de novas licenças
Por Bruna Barone, editado por Flavia Correia 04/11/2024 14h15, atualizada em 04/12/2024 13h52
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Uma carta aberta assinada por mais de 100 astrônomos de diversas instituições dos EUA pede a interrupção de novos lançamentos de satélites ao espaço para evitar as chamadas megaconstelações.

Os cientistas também defendem que a própria Comissão Federal de Comunicações norte-americana, responsável por emitir as licenças, faça um estudo do impacto ambiental desse tipo de serviço, o que reverteria uma medida de 1986 sobre o assunto.

No comunicado, os pesquisadores alertam para a enorme quantidade de satélites orbitando a Terra: nos últimos cinco anos, o número cresceu 12 vezes – impulsionado principalmente pela Starlink, da SpaceX. Até 2030, mais de 58 mil equipamentos devem ser lançados ao espaço com a promessa de aprimorar o serviço de internet globalmente.

Internet por satélite da Starlink (Imagem: AdrianHancu/iStock)

Os operadores têm enviado cada vez mais aeronaves para atualizar as megaconstelações, incinerando o foguete após a missão para evitar detritos espaciais. É justamente a repetição da incineração que preocupa os astrônomos.

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Problema não é de agora

Em agosto, o Public Interest Research Group (PIRG), uma organização sem fins lucrativos dos EUA, estimou que cerca de 29 toneladas de resíduos metálicos estarão vaporizando na atmosfera da Terra todos os dias no pico da implantação da megaconstelação. Isso equivale a “um carro caindo do espaço” a cada hora, diz o relatório.

Os equipamentos são feitos de alumínio, que gera óxido de alumínio na combustão, contribuindo para a destruição do ozônio. Isso impacta na capacidade da atmosfera de absorver calor, afetando, portanto, o clima da Terra. Já a reentrada de satélites no planeta produz óxido de nitrogênio, que também danifica o ozônio.

Satélites são usados para garantir internet globalmente (Imagem: NicoElNino/iStock)

“Nós podemos garantir internet acessível para todos sem cercar nosso globo com dezenas ou centenas de milhares de satélites descartáveis ​​que poderiam prejudicar nosso meio ambiente”, afirma a carta. “A indústria espacial se moveu mais rápido do que o público ou os reguladores foram capazes de acompanhar. A velocidade e a escala da nova corrida espacial não devem ser uma discussão esotérica entre um pequeno grupo de insiders da indústria”.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.