GPS localiza bactérias e pode revolucionar trabalho policial

Ferramenta usa modelo treinado de IA para identificar origem de microbioma de ambientes urbanos, solo e ecossistemas marinhos
Por Bruna Barone, editado por Bruno Ignacio de Lima 13/11/2024 03h30, atualizada em 04/12/2024 13h57
imagem mostra várias bactérias dentro do corpo humano
Bactérias dentro do corpo humano (Imagem: wildpixel/iStock)
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Pesquisadores da Universidade de Lund (Suécia) criaram sistema de navegação por satélite baseado em inteligência artificial (IA) que identifica a fonte geográfica de microrganismos (bactérias).

Na prática, o dispositivo pode determinar se alguém foi à praia, desceu do trem no centro da cidade ou deu uma caminhada na floresta de acordo com as bactérias deixadas nesses locais, o que revolucionaria trabalhos de perícia forense, medicina e epidemiologia.

A ferramenta foi batizada de Microbiome Geographic Population Structure (mGPS) e detalhada em artigo publicado no periódico Genome Biology and Evolution.

Ferramenta pode inovar várias áreas (Imagem: wildpixel/iStock)

“Em contraste com o DNA humano, o microbioma humano muda constantemente quando entramos em contato com diferentes ambientes. Ao rastrear onde seus microrganismos estiveram recentemente, podemos entender a disseminação de doenças e identificar potenciais fontes de infecção”, diz Eran Elhaik, pesquisador de biologia que liderou o novo estudo. “Esse rastreamento também fornece chaves forenses que podem ser usadas em investigações criminais”.

Como foi feita a pesquisa para determinar a origem das bactérias?

Considerando que as comunidades microbianas apresentam traços geográficos particulares, os pesquisadores se concentraram nas bactérias que agem como impressões digitais microscópicas.

O grupo coletou 4.135 amostras de sistemas de transporte público em 53 cidades, 237 amostras de solo de 18 países e 131 amostras marinhas de nove corpos d’água. Ao final da análise, a equipe identificou 92% das amostras de cada região.

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Amostras de mais de duas mil pessoas foram coletadas (Imagem: CHUNYIP WONG/iStock)

“Analisamos conjuntos de dados extensos de amostras de microbioma de ambientes urbanos, solo e ecossistemas marinhos e treinamos um modelo de IA para identificar as proporções únicas dessas impressões digitais e vinculá-las a coordenadas geográficas. Os resultados acabaram virando ferramenta muito poderosa”, explica Elhaik.

Em Hong Kong, a precisão de localização das amostras coletadas em uma estação subterrânea foi de 82%. Já na cidade de Nova York, o mGPS conseguiu distinguir entre o microbioma de um quiosque e de corrimãos a apenas um metro de distância.

“Nós apenas começamos a entender a relação entre microrganismos e meio ambiente. Agora, estamos planejando mapear o microbioma de cidades inteiras, o que pode ser um impulso para investigações forenses e nos permitir conhecer os organismos que habitam nossas ruas, jardins, pele e corpos”, conclui Elhaik.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Com 10 anos de experiência, é especialista na cobertura de tecnologia. Atualmente, é editor de Dicas e Tutoriais no Olhar Digital.