Casos graves de Covid-19 podem ser armas contra o câncer, diz estudo

Pesquisadores identificaram que camundongos com infecções graves por Covid-19 produziram uma substância com propriedades anticâncer
Alessandro Di Lorenzo28/11/2024 05h40
Ilustração do vírus da Covid-19
(Imagem: Xeniia X/Shutterstock)
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Apesar dos avanços recentes, a ciência ainda está fazendo descobertas importantes sobre a Covid-19. A mais recente delas é que a forma mais grave da doença tem a capacidade de encolher tumores cancerígenos.

A conclusão é parte de um estudo realizado por pesquisadores da Northwestern University, dos Estados Unidos. A equipe identificou que o organismo de camundongos produziu uma substância com propriedades anticâncer.

Monócitos especiais” foram produzidos

O trabalho dos cientistas se baseou em um tipo de glóbulo branco chamado monócito. Essas células do sistema imunológico defendem o corpo contra infecções e outras doenças. No entanto, elas podem se transformar em “ajudantes” do câncer em pacientes oncológicos, protegendo o tumor do sistema imunológico.

Durante o estudo, os pesquisadores notaram que, durante uma infecção grave por Covid-19, o organismo pode produzir um tipo especial de monócito com propriedades anticâncer. Esses monócitos foram reconfigurados com o objetivo de atingir o vírus, mas também demonstraram combater células cancerígenas.

subvariantes Ômicron
Quadros graves de Covid-19 fizeram com que o organismo dos animais produzisse um tipo especial de monócito com propriedades anticâncer (Imagem: shutterstock/Fit Ztudio)

A equipe ofereceu aos camundongos um medicamento que imitava a resposta imune a uma infecção grave de Covid-19, induzindo a produção desses monócitos especiais. Depois disso, identificaram que os tumores de todos os tipos de câncer nos animais começaram a encolher.

Ao contrário dos monócitos normais, que podem ser convertidos por tumores em células protetoras, esses mantiveram as propriedades que mitigam o câncer. Além disso, foram capazes de migrar para os locais do tumor, algo que a maioria das células do sistema imunológico não consegue fazer. As descobertas foram descritas em estudo publicado na revista The Journal of Clinical Investigation.

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Tumores encolheram durante o estudo (Imagem: Lightspring/Shutterstock)

Nova possibilidade de terapia contra o câncer

  • De acordo com os cientistas, a descoberta pode possibilitar o desenvolvimento de uma nova abordagem para combater o câncer que não dependa de células CAR-T.
  • Esta terapia usada atualmente é feita a partir da coleta de células T do sistema imunológico.
  • O material é modificado geneticamente para reconhecer e atacar o tumor, fazendo com que o próprio organismo do paciente enfrente a doença.
  • No entanto, esse tipo de tratamento, chamado de imunoterapia, só funciona em cerca de 20% a 40% dos pacientes.
  • Isso ocorre porque, em alguns casos, o corpo não consegue produzir células T funcionais o suficiente.
  • Dessa forma, os monócitos podem representar uma alternativa, embora ainda sejam necessários estudos em humanos para comprovar sua eficácia.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.