Tábua de 4 mil anos preserva um dos primeiros erros de geometria

Uma tábua de argila datada do período babilônico, entre 1900 e 1600 a.C., mostra um erro de cálculo cometido por um estudante da época
Alessandro Di Lorenzo02/12/2024 12h11
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Imagem: Museu Ashmolean/Universidade de Oxford
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As primeiras noções matemáticas vieram dos povos da antiguidade. Diversos achados comprovam que os antigos já dominavam certos conhecimentos. Mas isso não quer dizer que eles não pudessem cometer erros.

Uma tábua de argila datada do período babilônico, entre 1900 e 1600 a.C., preserva um erro de cálculo cometido por um estudante da época. Ele usou o objeto para calcular a área de um triângulo.

Aluno cometeu erro ao calcular a área do triângulo

  • A pequena tábua de argila tem apenas 8,2 centímetros de diâmetro e foi desenterrada no sítio arqueológico de Kish, atual Iraque, em 1931.
  • Ela representa um triângulo retângulo com três conjuntos de números de estilo cuneiforme.
  • Ao longo da linha superior (na parte da altura) do triângulo, o aluno escreveu 3,75, enquanto a linha vertical (base) apresenta o número de 1,875.
  • Esses valores significam que a área do triângulo deveria ser 3,5156.
  • No entanto, o aluno chegou ao resultado de 3,1468.
  • O objeto e o erro histórico fazem parte da coleção do Museu Ashmolean, da Universidade de Oxford.
  • As informações são do Live Science.
Tábua de argila babilônica preserva erro de cálculo há milênios (Imagem: Museu Ashmolean/Universidade de Oxford)

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Conhecimento de matemática e muito mais

Apesar do erro, pesquisadores destacam que a tábua mostra o quão avançados eram os babilônicos. Vários objetos do tipo foram encontrados na região dominada pelo povo antigo.

A ascensão da matemática na antiga Babilônia correspondeu à época em que grandes impérios começaram a se desenvolver. Técnicas como álgebra e geometria provavelmente foram inventadas por volta de 3.000 a.C. na Suméria, uma vez que a civilização precisava de maneiras de calcular impostos, contabilizar o comércio e estabelecer calendários.

Diversos achados da época da Babilônia mostram como o povo antigo era avançado (Imagem: Gokhan Dogan/Shutterstock)

A matemática babilônica tinha um sistema numérico de base 60, que ainda usamos hoje para contar o tempo: 60 segundos em um minuto, 60 minutos em uma hora. E esses povos antigos ainda descobriram o teorema de Pitágoras (a soma dos quadrados de dois lados de um triângulo retângulo é igual ao quadrado da hipotenusa) mais de um milênio antes que o antigo filósofo grego o tornasse famoso.

Portanto, a matemática equivocada desse aluno mostra um desenvolvimento cultural importante: a maneira como as pessoas acumulavam e transmitiam conhecimento estava mudando da memorização para a informação escrita. Essa mudança, que começou por volta de 3500 a.C. em Kish, foi tão dramática que às vezes é comparada à mudança do papel para a manutenção de registros digitais no século XX.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.