Tempestade solar ‘cataclísmica’ atingiu a Terra há cerca de 2600 anos

A ocorrência da tempestade solar de grandes proporções foi descoberta a partir de análises de troncos de árvores antigas
Alessandro Di Lorenzo02/12/2024 17h15
tempestade-solar-terra-1920x1080
Mesmo sendo atingida "de raspão" pelo material expelido pelo Sol, a Terra pode sofrer uma tempestade geomagnética mais potente do que o esperado em situações assim – graças ao equinócio. Crédito: Ig0rZh - IstockPhoto
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

As tempestades solares acontecem quando há a uma liberação de energia do Sol que viaja pelo espaço até atingir a esfera magnética ao redor da Terra, perturbando nossa atmosfera. Os efeitos mais comuns são interrupções de ferramentas de comunicação, como satélite, rádio ou a até mesmo a rede elétrica.

No entanto, fenômenos do tipo também atingiram o nosso planeta muito antes do desenvolvimento destas tecnologias. E cientistas acabam de identificar, partir de análises de troncos de árvores, que houve uma ocorrência de grandes proporções há cerca de 2.600 anos.

Anéis dos troncos das árvores guardam sinais do episódio

  • De acordo com os pesquisadores, uma tempestade solar extrema atingiu a Terra em 664 a.C.,
  • O fenômeno fez com que as árvores antigas acumulassem carbono-14, uma variante radioativa natural do carbono, nos anéis de seus troncos.
  • Os cientistas explicam que, com o aumento da atividade solar, mais prótons bombardeiam a atmosfera terrestre, desencadeando reações químicas que aumentam o número de isótopos radioativos.
  • Essa mudança fica registrada no anel formado pela árvore naquele ano.
  • As conclusões foram descritas em estudo publicado na revista Communications Earth & Environment.
Troncos de árvores revelaram ocorrência da grande tempestade solar (Imagem: Rob Thorley/Shutterstock)

Leia mais

Fenômeno teve intensidade fora do comum

Para identificar com clareza qual foi a causa do aumento de carbono-14 nas árvores, os pesquisadores compararam esses dados com a presença de picos de outro isótopo, o berílio-10, encontrados em núcleos de gelo retirados das profundezas de geleiras. As chuvas e neve capturam este isótopo e o prendem nas camadas de gelo.

De acordo com o estudo, se os núcleos de gelo do Polo Norte e do Polo Sul mostrarem um pico no isótopo berílio-10 em um ano específico, correspondendo ao aumento de radiocarbono nos anéis das árvores, sabemos que houve uma tempestade solar.

Representação artística de uma tempestade solar em direção à Terra (Imagem: Mike Mareen/Shutterstock)

Apesar da descoberta, é difícil estimar quais foram os impactos desta tempestade solar na época. Ainda segundo os cientistas, se um fenômeno com a mesma intensidade atingisse o nosso planeta hoje, provavelmente causaria efeitos dramáticos nas nossas comunicações.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.