Antártida ficou 10 vezes mais verde em menos de 40 anos

Cientistas criaram um mapa formado por hexágonos que representam quantos quilômetros quadrados já estão cobertos por vegetação na Antártida
Alessandro Di Lorenzo05/12/2024 17h18
Vegetação verde em contraste com o gelo
Região passou por mudanças nos últimos 60 anos (Imagem: Roland et al., 2024/Nature Geoscience)
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O que você pensa quando falamos na Antártida? Provavelmente uma das principais respostas é gelo. Ela não está errada, mas saiba que a situação está mudando em função das mudanças climáticas, deixando a região cada vez mais verde.

A conclusão faz parte da análise de imagens e dados captados pelos satélites Landsats, da NASA, e processados na plataforma Google Earth Engine. Dessa forma, os cientistas da Universidade de Exeter, no Reino Unido, puderam quantificar estas mudanças.

Mapa mostra avanço da vegetação na Antártida

  • Segundo os pesquisadores, a cobertura verde aumentou em mais de 10 vezes nos últimos 35 anos na Antártida.
  • Mais especificamente, “a área de provável cobertura vegetal aumentou de 0,863 km² em 1986 para 11,947 km² em 2021, com aceleração da taxa de mudança nos últimos anos a partir de 2016]”.
  • Esta recente aceleração na taxa de mudança na cobertura vegetal coincide com uma diminuição acentuada na extensão do gelo marinho na região Antártida.
  • Para visualizar as transformações na região, os cientistas criaram um mapa formado por hexágonos que representam quantos quilômetros quadrados estão cobertos pela vegetação.
  • As conclusões fazem parte de um estudo publicado na revista Nature Geoscience.  
Mapa mostra avanço da vegetação na Antártida (Imagem: Nature Geoscience)

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Musgos e líquens são os responsáveis pela mudança de cenário

Os pesquisadores responsáveis pelo trabalho destacam que o avanço da vegetação não significa que florestas ou plantas estão crescendo onde antes só havia gelo. Esta mudança é causada quase que unicamente por musgos e líquens.

A equipe explica que “os musgos são capazes de colonizar superfícies rochosas nuas e fornecem a base para o futuro desenvolvimento do solo, como substrato para a consolidação de [outros] ecossistemas”. Estes organismos são o primeiro sinal de uma transformação ainda maior que poderá ocorrer em breve, dependendo das dinâmicas de aquecimento do planeta.

Paisagem na Antártida com vegetação verde
Vegetação é composta por musgos e líquens (Imagem: Uwe Bauer/Shutterstock)

Ainda de acordo com o trabalho, a presença humana na região pode acelerar estes processos. Isso porque excursões com fins científicos ou de turismo podem facilitar a disseminação de esporos e até de sementes invasoras, com capacidade de se proliferar no habitat com baixa competição por espaço. O vento também desempenha papel importante, trazendo outras espécies de forma natural.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.