“Chaminés de sal” descobertas no Mar Morto podem prever áreas de risco

Cientistas descobriram "chaminés de sal" de até sete metros no fundo do Mar Morto, apontando áreas suscetíveis a sumidouros
Flavia Correia06/12/2024 13h29
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"Chaminés de sal" no fundo do Mar Morto. Crédito: UFZ
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Cientistas identificaram impressionantes “chaminés” de sal expelindo plumas de fluido cintilante no fundo do Mar Morto. Esses pilares submersos, que chegam a sete metros de altura, podem servir como indicadores de áreas suscetíveis a sumidouros, fenômeno comum na região e potencialmente perigoso.

Em um comunicado, Christian Siebert, hidroecologista do Centro Helmholtz de Pesquisa Ambiental, na Alemanha, disse que essas emissões são uma ferramenta promissora para prever o colapso de terrenos. “Até o momento, ninguém consegue determinar onde surgirão os próximos sumidouros”.

As chaminés de sal no fundo do Mar Morto podem chegar a sete metros de altura. Crédito: UFZ

Água subterrânea atravessa camadas de rocha e “explode” em pliares de sal

O Mar Morto, um lago salgado cercado por Jordânia, Israel e Cisjordânia, é conhecido por sua salinidade extrema, cerca de dez vezes maior que a dos oceanos. Nos últimos 50 anos, ele tem diminuído rapidamente devido à seca e à evaporação. Essa retração também reduziu o lençol freático, complicando o acesso a recursos hídricos subterrâneos na região.

Ao instigar essas reservas, Siebert e uma equipe de mergulhadores descobriram pilares brancos cintilantes, formados por sal cristalizado. As estruturas, que variam de um a sete metros de altura e até três metros de diâmetro, são alimentadas por água subterrânea que atravessa camadas de rocha salina no fundo do lago. 

Uma salmoura extremamente concentrada, menos densa do que a água do Mar Morto, faz com que a água subterrânea seja impulsionada para cima como um jato, criando uma aparência semelhante a fumaça. Crédito: UFZ

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Esse processo cria um salmoura altamente concentrada, menos densa que a água do Mar Morto, o que faz com que ela suba em forma de jato, parecendo fumaça.

A interação entre a salmoura e a água do lago provoca a cristalização do sal, permitindo que as chaminés cresçam vários centímetros por dia. Esses pilares são considerados únicos no mundo, segundo Siebert.

Publicada na revista Science of The Total Environment, a pesquisa conduzida por Siebert diz que as chaminés estão frequentemente associadas a locais vulneráveis a sumidouros – fenômenos que ocorrem quando a dissolução do sal cria grandes cavidades subterrâneas, que eventualmente desmoronam. 

Caso a ligação seja confirmada, os jatos de sal poderão ser mapeados como um método eficiente para identificar áreas em risco iminente. “Essa seria a única abordagem disponível até agora para prever colapsos com alta precisão”, disse o cientista.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.