Mundo está esquentando mais rápido do que o previsto – e a culpa pode estar nas nuvens

O menor número de nuvens influencia na capacidade de refletir a radiação solar, deixando o planeta mais quente
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 06/12/2024 15h01
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Imagem: Sunny Forest/Shutterstock
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Termômetros atingindo marcas recordes, elevação das temperaturas dos oceanos, derretimento de geleiras. Todas estas são consequências das mudanças climáticas e nenhuma delas é uma novidade, mas cientistas acabam de descobrir mais uma causa do aquecimento do planeta.

Um novo estudo sugere que as nuvens também estão desempenhando um papel importante para o aumento das temperaturas. Na verdade, isso está acontecendo em função da falta delas.

Capacidade de refletir a radiação solar está comprometida

  • De acordo com os pesquisadores, o menor número de nuvens baixas sobre os oceanos faz com que os oceanos e o solo absorvam mais luz solar, o que aumenta a retenção do calor.
  • Esse fenômeno é chamado de albedo e é caracterizado pela capacidade das superfícies de refletir a radiação solar.
  • Segundo o novo trabalho, essa capacidade vem diminuindo desde a década de 1970.
  • Isso acontece, em parte, devido ao derretimento da neve e do gelo marinho.
  • Mas a redução na quantidade de nuvens baixas também alimenta esse efeito.
  • As conclusões foram apresentadas em estudo publicado na revista Science.
A redução na quantidade de nuvens impacta na capacidade de refletir a luz solar (Imagem: titoOnz/Shutterstock)

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O que provocou a diminuição do número de nuvens?

Os cientistas analisaram dados de satélite da NASA, além de informações meteorológicas e modelos climáticos. Dessa forma, identificaram que o declínio nas nuvens baixas reduziu o albedo do planeta a níveis recordes no ano passado.

Áreas que incluem partes do Oceano Atlântico Norte experimentaram uma queda particularmente significativa. O trabalho não conseguiu explicar o que está motivando este cenário, mas existem algumas hipóteses.

Nuvens ajudam a resfriar o planeta (Imagem: Taiga/Shutterstock)

A primeira é a redução da poluição do transporte marítimo devido a regulamentações destinadas a reduzir as emissões nocivas de enxofre da indústria. Embora isso tenha trazido benefícios para a saúde humana, esse tipo de poluição também estava ajudando a resfriar o planeta.

As variabilidades climáticas naturais, incluindo mudanças nos padrões oceânicos, também podem ter contribuído. Mas um fator mais alarmante também é citado: o próprio aquecimento global. Nuvens baixas tendem a prosperar em uma atmosfera fria e úmida. À medida que a superfície do planeta aquece, isso pode fazer com que elas diminuam ou se dissipem completamente, criando um ciclo de aquecimento.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.