Ondas gravitacionais preservam informações devoradas por buraco negro massivo, propõe novo estudo. Crédito: Alexander Volke - Shutterstock
Em 1976, Stephen Hawking propôs que os buracos negros não são completamente escuros, emitindo uma radiação que, com o tempo, pode fazê-los desaparecer. Isso, no entanto, levantou uma questão intrigante: o que acontece com as informações que entram no buraco negro?
Uma nova pesquisa sugere que essas informações podem “vazar” de forma sutil, deixando pistas em ondas gravitacionais.
Em poucas palavras:
Conhecido como “paradoxo da informação” ou “paradoxo dos buracos negros”, o problema surge porque, enquanto matéria e informações são consumidas pelo buraco negro, a radiação Hawking aparentemente não carrega nenhum dado sobre o que foi absorvido. Isso contraria princípios fundamentais da física, que afirmam que a informação não pode ser destruída.
Entre as propostas para resolver esse mistério está a chamada “não-localidade não violenta”. Essa teoria sugere que o interior e o exterior desses objetos extremos estão conectados por não-localidade quântica, um fenômeno em que partículas correlacionadas compartilham estados quânticos, mesmo a grandes distâncias. Albert Einstein descreveu esse efeito como “ação fantasmagórica à distância”.
Se essa hipótese estiver correta, o espaço-tempo ao redor de um buraco negro teria perturbações específicas, correlacionadas às informações internas. Assim, mesmo que o monstro cósmico desapareça, as informações seriam preservadas no espaço-tempo.
Pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) investigaram essa ideia em um estudo recente, ainda não revisado por pares. Eles descobriram que essas conexões quânticas não apenas alteram o espaço-tempo ao redor de buracos negros, como também deixam marcas em ondas gravitacionais emitidas durante fusões de buracos negros. Essas marcas aparecem como flutuações sutis, sobrepostas ao sinal principal das ondas, mas com características únicas que permitem identificá-las.
Leia mais:
Embora detectores atuais, como o LIGO (sigla em inglês para Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro a Laser) e o Virgo (sensor de ondas gravitacionais do Centro Nacional da Pesquisa Científica – CNRS – e do Instituto Nacional de Física Nuclear – INFN – da Itália), não sejam sensíveis o suficiente para confirmar essas assinaturas, os instrumentos de próxima geração podem mudar esse cenário.
Com tecnologias mais avançadas, será possível verificar se a não-localidade não violenta é realmente uma solução para o paradoxo da informação. O passo seguinte é aprimorar os modelos teóricos para prever como essas flutuações se manifestam no espaço-tempo. Isso permitirá uma análise mais precisa das ondas gravitacionais e poderá finalmente trazer respostas a esse mistério que intriga a ciência há quase 50 anos.
Esta post foi modificado pela última vez em 16 de dezembro de 2024 22:52