Estudo: analgésico mais popular do mundo não é tão seguro para idosos

Trabalho analisou dados de pessoas com 65 anos ou mais que fizeram uso de paracetamol por pelo menos um ano
Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Rodrigo Mozelli 17/12/2024 06h50
imagem descreve diferentes remédios amontoados em comprimido, cápsula e pílulas
Remédios em comprimido, cápsulas e pílulas (Reprodução: @freestocks/Unsplash)
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

O uso constante e prolongado de paracetamol, analgésico utilizado para tratar dores e febre, pode trazer efeitos adversos para pessoas com mais de 65 anos. É isso que um estudo com indivíduos do Reino Unido revelou, podendo mudar como o medicamento é receitado atualmente. No entanto, o trabalho levanta ressalvas, como a necessidade de realizar testes adicionais.

Mulher tomando paracetamol depois da vacina
Paracetamol é um analgésico popular receita para dores e febre (Imagem: Doucefleur/Shutterstock)

Paracetamol pode ter efeitos adversos

O acetaminofeno, também conhecido como paracetamol, é um analgésico popular receitado para dores em geral. Ele é considerado seguro e, por isso, é comum em tratamentos prolongados em pessoas mais velhas.

Um novo estudo revelou que este tipo de uso pode trazer complicações mais sérias. O trabalho analisou dados de 180.483 pacientes do Reino Unido, de 65 anos ou mais, que usaram paracetamol em tratamentos de pelo menos 12 meses entre 1998 e 2018. Os dados foram comparados com os de 402.478 pessoas não usuárias.

Os participantes que receberam pelo menos duas prescrições de paracetamol em seis meses, sem combinação com outros analgésicos, foram definidos como “expostos ao paracetamol”. No caso das pessoas mais velhas que fizeram uso prolongado (12 meses ou mais), os pesquisadores descobriram associação entre o paracetamol e risco aumentado das seguintes condições:

  • Sangramento no trato gastrointestinal inferior (36%);
  • Sangramento de úlcera péptica (24%);
  • Ulceras pépticas não complicadas (20%);
  • Insuficiência renal crônica (19%);
  • Insuficiência cardíaca (9%);
  • Pressão alta (7%).

Analgésicos
Equipe destaca limitações nos resultados (Imagem: Cagkan Sayin/Shutterstock)

Estudo sobre o medicamento tem limitações

Os pesquisadores deixaram claro que, apesar da relação entre uso do paracetamol e condições adversas em idosos, o estudo tem limitações.

A primeira delas é que o banco de dados utilizado considera apenas pessoas que compraram o analgésico com prescrição médica, e não na modalidade de venda livre. Dessa forma, o grupo foi reduzido a pessoas com mais de 65 anos, já que o grupo é elegível para prescrição gratuita e não costuma comprar o medicamento de forma independente com a mesma frequência.

Leia mais:

A equipe destaca que mais pesquisas são necessárias, mas que os resultados podem orientar novas considerações na hora de prescrever o paracetamol em tratamentos contínuos.

Embora mais pesquisas sejam necessárias para confirmar nossas descobertas, dado seu efeito mínimo de alívio da dor, o uso de paracetamol como analgésico de primeira linha para condições de longo prazo, como osteoartrite em idosos, precisa ser cuidadosamente considerado.

Professor Weiya Zhang, autor sênior do estudo

Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.