Nova terapia pode ser capaz de acabar com câncer de pulmão; conheça

Experimento realizado em Cingapura administrou glóbulos vermelhos para transportar moléculas que podem suprimir avanço da doença
Por Bruna Barone, editado por Rodrigo Mozelli 17/12/2024 02h30, atualizada em 06/01/2025 20h14
Estilização de glóbulos vermelhos
Glóbulos vermelhos são usados como transportadores de medicamento (Imagem: ktsimage/iStock)
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Cientistas de Cingapura testaram nova terapia que usa drones microcelulares para entregar medicamentos que matam o câncer de pulmão. Glóbulos vermelhos foram usados para transportar moléculas de oligonucleotídeo antisense (ASO) em células cancerígenas, suprimindo a progressão da doença.

O estudo foi conduzido por pesquisadores do Instituto de Medicina Digital, do Departamento de Farmacologia da Escola de Medicina Yong Loo Lin e da Universidade Nacional de Cingapura.

“Atualmente, medicamentos conhecidos como inibidores de tirosina quinase são o padrão de tratamento e funcionam inibindo a proteína EGFR mutante para interromper a progressão do câncer. Como as células cancerosas podem sofrer mutações e resistir a esses medicamentos, buscamos encontrar maneira mais eficaz de atingir o câncer”, disse o professor assistente Minh Le.

Glóbulos vermelhos foram usados para transportar moléculas de ASO em células cancerígenas (Imagem: utah778/iStock)

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Qual foi a solução encontrada pela pesquisa contra o câncer?

  • ASOs são moléculas que podem aderir a uma parte específica de um ácido ribonucleico (RNA) e inibir a atividade irregular;
  • São também ferramentas flexíveis que podem ser redesenhadas de forma personalizada para corrigir diferentes genes em pacientes doentes;
  • O principal desafio era evitar que essas moléculas fossem degradadas na corrente sanguínea, o que impediria o tratamento focalizado do tumor;
  • Portanto, os pesquisadores buscaram maneira de reter os ASOs e entregá-los diretamente no local afetado.

Pesquisa direcionou glóbulos vermelhos para células cancerígenas (Imagem: Motortion/iStock)

Para isso, foram usadas vesículas extracelulares (EVs) derivadas de hemácias humanas como transportador natural. Elas foram carregadas com frações de direcionamento dos chamados receptores mutantes do fator de crescimento epidérmico (EGFRs) para se concentrar nas células cancerígenas.

O EVs carregados com ASO demonstraram exibir “potente efeito anticâncer em vários modelos de câncer de pulmão”, incluindo células derivadas de pacientes. O design específico dos ASOs permite, ainda, que eles suprimam o EGFR mutante, enquanto deixam o EGFR normal inalterado.

“A capacidade de eliminar precisamente células cancerígenas EGFR mutantes, poupando tecidos normais, permitirá tratamento personalizado para pacientes individuais. Este é um passo significativo para abordar a resistência a medicamentos contra o câncer”, disse o professor associado Tam Wai Leong, coautor correspondente do estudo.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.