Ucrânia tem uma nova aliada na guerra contra a Rússia: a inteligência artificial

Sistema alimentado com dois milhões de horas de gravações será treinado para auxiliar tomadas de decisões de militares contra a Rússia
Por Bruna Barone, editado por Bruno Capozzi 20/12/2024 15h07
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Imagem captada por drones ucranianos (Imagem: Ministério da Defesa da Ucrânia/Reprodução)
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Milhões de horas de filmagens feitas por drones serão usados pelo Exército da Ucrânia para treinar modelos de inteligência artificial que auxiliarão na tomada de decisões no campo de batalha, segundo a agência Reuters.

As gravações têm sido feitas desde a invasão da Rússia ao país do Leste Europeu, em 2022. De lá para cá, foram usados mais de 15 mil drones na linha de frente, que coletaram dois milhões de horas em vídeos, o equivalente a 228 anos de gravações.

As imagens foram centralizadas no sistema digital OCHI, uma organização sem fins lucrativos fundada por Oleksandr Dmitriev. A iniciativa foi desenvolvida para oferecer aos comandantes militares uma visão geral dos campos de batalha por meio dos drones.

Modelo de IA vai ajudar na tomada de decisões militares (Imagem: Ministério da Defesa da Ucrânia/Reprodução)

As equipes perceberam que as imagens poderiam ser úteis como registros de guerra, e começaram a armazenar as gravações. Por dia, eram adicionados entre cinco e seis terabytes de dados coletados em combate.

“Isto é alimento para a IA: se você quiser ensinar uma IA, você dá a ela 2 milhões de horas (de vídeo), ela se tornará algo sobrenatural”, disse Dmitriev à Reuters. A ideia é que o modelo sugira táticas de combate identificando alvos e avaliando a eficácia de sistemas de armas.

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Aliados de olho 

Nações aliadas da Ucrânia na guerra contra a Rússia estão em contato com Dmitriev para acessar o banco de dados, mas os detalhes não foram informados. Especialistas avaliam que as informações coletadas até agora serão fundamentais nas batalhas.

Soldados ucranianos no campo de batalha (Imagem: Ministério da Defesa da Ucrânia/Reprodução)

Para o Samuel Bendett, pesquisador sênior do Centro para uma Nova Segurança Americana, os sistemas de IA precisam de uma série de dados para tornar as decisões militares mais eficazes.

“Os humanos podem fazer isso intuitivamente, mas as máquinas não, e elas precisam ser treinadas para saber o que é ou não uma estrada, um obstáculo natural ou uma emboscada”, disse ele.

A Rússia também tem aplicado tecnologia IA no campo de batalha, principalmente para reconhecimento de alvos em drones de ataque Lancet, que perseguem e atingem alvos com munições de uso único.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.