Covid-19 pode ajudar a desvendar mistérios sobre outra doença

A fadiga pós-viral é caracterizada pela exaustão persistente e é relatada por algumas pessoas se recuperaram de infecções como a Covid-19
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 07/01/2025 12h04
Ilustração do vírus da Covid-19
(Imagem: Xeniia X/Shutterstock)
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A pandemia de Covid-19 introduziu um novo termo na medicina. A chamada covid longa ocorre quando os sintomas da doença persistem, ou aparecem pela primeira vez, meses após a contaminação pelo SARS CoV-2.

A condição vem sendo bastante estudada por cientistas, o que abriu uma nova janela para pesquisas sobre um outro problema de saúde que é pouco compreendido até hoje. A fadiga pós-viral é caracterizada pela exaustão persistente, vivenciada por algumas pessoas depois que se recuperam de outros tipos de infecções.

Doença está relacionada com vírus

Por muitos anos, ela foi menosprezada e considerada uma doença de origem psicológica. No entanto, ela já foi relacionada a diversas infecções, como Sars, Ebola, vírus Epstein-Barr e a gripe, além de infecções por patógenos transmitidos por carrapatos, como a bactéria Borrelia burgdorferi, causadora da doença de Lyme.

Para entender melhor sobre esta condição, a pesquisadora acadêmica da Universidade de Aberdeen, Rosalind Adam, deu início a um estudo com 40 pessoas que sofrem de diversas formas de fadiga problemática, desde pacientes de covid longa até insuficiência cardíaca ou câncer.

Vírus da Covid
Casos de covid longa podem ajudar a entender melhor a condição de fadiga extrema (Imagem: Fusion Medical Animation/Unsplash)

Os pacientes receberam sensores digitais que acompanham uma série de parâmetros físicos, incluindo velocidade da respiração, temperatura corporal, qualidade do sono, atividade cardíaca e níveis de atividade. Com eles, foi fornecido um aplicativo para avaliar sua fadiga física e mental ao longo do dia.

O objetivo é usar a inteligência artificial para identificar padrões nos dados que possam representar o que Adam chama de “fadigótipos”, características distintas que poderão ser empregadas para categorizar subtipos de fadiga com maior precisão. Ela espera que as conclusões possam finalmente trazer testes clínicos mais específicos para a fadiga e, possivelmente, abrir caminho para novos medicamentos.

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Mulher sentada no chão na ponta da cama
Relatos de fadiga aumentar após pandemia (Imagem: fizkes/Shutterstock)

Pesquisadores não sabem exatamente o que causa a condição

  • Uma das teorias sobre os motivos que podem levar o Sars-CoV-2 e outros vírus a gerar a fadiga pós-viral é que pequenas quantidades do vírus podem persistir em algumas partes do corpo.
  • No entanto, em outros casos, acredita-se que o motivo da fraqueza muscular e da debilitação física seja um estado de autoimunidade induzido pela infecção inicial.
  • Ele altera o comportamento das células imunológicas, levando-as a atacar as próprias fibras nervosas que permitem a contração dos músculos.
  • Uma terceira possibilidade se refere ao comprometimento da eliminação de resíduos.
  • O trabalho excessivo faz com que as mitocôndrias gerem muito estresse oxidativo, mas o corpo não consegue se limpar adequadamente, já que o sistema imunológico se encontra em estado de prolongada exaustão.
  • Esta situação pode contribuir para os sintomas físicos, como o nevoeiro mental e a fadiga muscular, prejudicando a nossa capacidade de movimentação e funcionamento normal.
  • A expectativa é que o novo estudo possa aumentar a compreensão da ciência sobre esta condição.
  • As informações são do G1.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.