O que é senescência negligível e quais animais não envelhecem como os humanos?

Seres humanos têm interesse em estudar animais com senescência negligível para entender como retardar envelhecimento das pessoas
Por Ramana Rech, editado por Layse Ventura 08/01/2025 08h20
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Imagem: Shutterstock/Sultan Amir
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Existem animais que não envelhecem como os seres humanos e, à medida que o tempo passa, o risco de mortalidade se torna estável ou até mesmo diminui. Essa característica se chama de senescência negligível.

Seres humanos estudam esses animais com o objetivo de conseguir pistas sobre a nossa própria biologia e melhorar a saúde das pessoas.

O que é senescência negligivel?

Ilustração de idoso se desfazendo em peças de quebra-cabeça para retratar conceito do Alzheimer
Imagem: OPAS

O termo senescência diz respeito a alterações no organismo ao envelhecer que são comuns a uma mesma espécie, mas que não envolvem doenças, de acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

No caso dos seres humanos, a perda de memória (sem que isso faça parte do quadro de uma doença como Alzheimer) é um exemplo de senescência.

Já a senescência negligível é quando o risco de mortalidade não aumenta com o avanço da idade. Na maioria das espécies, a mortalidade aumenta com a idade, caracterizado comumente pela lei de Gompertz.

Alguns estudos recentes indicam que algumas espécies com grande longevidade não alteram sua expressão genética tanto quanto as demais. Mas o motivo por trás da senescência mais lenta de alguns animais ainda não é entendida em sua totalidade.

Um estudo publicado em 2022 na revista Ecology and Evolution contesta a ideia de senescência negligível a partir de modelos matemáticos e dados simulados. O artigo diz que a magnitude do aumento da mortalidade é subestimada. As taxas de mortalidade podem indicar uma tendência de queda com o aumento da idade, mas depois voltar a crescer com o envelhecimento.

Homem idoso doente com a mão na cabeça
(Imagem: simona pilolla 2/Shutterstock)

Senescência negligível: exemplos

Um estudo de 2022 publicado na revista Science analisou espécies de tartarugas vivendo em zoológicos e aquários e concluiu que cerca de 75% de 52 espécies tinha senescência lenta ou negligível. Para 80% das espécies, a taxa de envelhecimento era mais lenta do que a de seres humanos.

De acordo com a pesquisa, a senescência reduzida em tartarugas pode estar relacionada a melhoramentos das condições ambientais.

O molusco quahog, que pode viver mais de 400 anos na natureza, pode ser um dos exemplos de senescência negligível.

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O animal com essa característica mais bem estudado é o rato-toupeira, que pode chegar a pelo menos 28 anos cativo, sem sinais de mortalidade crescente e pequeno ou inexistente declínio das funções fisiológicas. Ele também mantém sua capacidade reprodutiva durante o período de observação e tem resistência a doenças associadas à idade, como câncer.

Ramana Rech
Colaboração para o Olhar Digital

Ramana Rech é jornalista formada pela ECA-USP. Participou do Curso Estadão de Jornalismo Econômico e tem passagem pela Editora Globo e Rádio CNN.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.