Esse bicho parece uma pedra com órgãos dentro – e é comestível

Ao longo das costas do Chile e do Peru, existe uma curiosa "rocha viva" chamada Pyura chilensis – e dá para comer os "órgãos" dela
Pedro Spadoni08/01/2025 14h19
Prato com exemplares da espécie Pyura chilensis, que parece rocha viva com órgãos dentro
(Imagem: Larisa Blinova/Shutterstock)
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Ao longo das costas do Chile e do Peru, existe uma curiosa “rocha viva” chamada Pyura chilensis. À primeira vista, o animal filtrador pode parecer um ouriço-do-mar. Ou uma pedra com uma massa de órgãos dentro. Apesar do aspecto, ela é comestível.

Na verdade, a parte que parece rocha é a “túnica” de tunicina, característica do subfilo Tunicata. E abriga milhares de piures, todos vivendo na mesma “rocha”.

O que você encontra dentro da ‘rocha viva’ dá para comer

A parte comestível do piure é a sua massa vermelha, oculta dentro da estrutura escura e resistente. Esses animais não possuem cérebro ou órgãos sensoriais. E vivem principalmente nas zonas intertidais ao largo das costas chilenas e peruanas, onde são apreciados como iguaria.

Pyura chilensis, parte que parece massa de órgãos dentro de pedras encontradas no Peru e no Chile
A parte comestível do piure é a massa vermelha (Imagem: sergio.majluf/Wikimedia Commons)

Como se não bastasse, a “rocha viva” também dá a impressão que sangra, por conta da coloração vermelha de seus tecidos moles, segundo o IFLScience.

No entanto, piures têm sangue, sim. E ele é peculiar. O sangue dos piures é incolor e contém alta concentração de vanádio, um metal prateado. Para você ter ideia, o vanádio pode ser até dez milhões de vezes mais abundante no sangue dos piures do que na água ao redor.

A razão pela qual esses animais acumulam tanto vanádio é um mistério. Embora o metal seja tóxico em grandes quantidades para a maioria dos organismos, não se sabe como ele é armazenado nos piures. Nem quais os impactos do consumo frequente desse animal na saúde humana.

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Particularidades

Exemplares da espécie Pyura chilensis, que parece rocha viva com órgãos dentro, ao longo da costa de uma praia
Piures nascem machos, mas se tornam hermafroditas com o tempo – e podem se reproduzir por autofecundação (Imagem: Bachelot Pierre J-P/Wikimedia Commons)

Um aspecto interessante do piure é sua reprodução. Eles nascem machos, mas se tornam hermafroditas quando atingem a “puberdade“. E se estiverem sozinhos e em condições adversas, podem se reproduzir por autofecundação.

Outro ponto importante: o vanádio tem atraído a atenção dos cientistas – especialmente dos químicos – que investigam suas propriedades. Isso porque o elemento pode ser útil para armazenamento de energia no futuro. Naturalmente, isso o aumenta o interesse por P. chilensis e outras espécies de ascídios. Eles que se cuidem.

Pedro Spadoni
Redator(a)

Pedro Spadoni é jornalista formado pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Já escreveu para sites, revistas e até um jornal. No Olhar Digital, escreve sobre (quase) tudo.