Agentes de IA podem te “clonar” após duas horas de conversa

Tecnologia consegue gerar réplicas de personalidades humanas, que podem ser úteis para pesquisas, mas, também, representam riscos
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Rodrigo Mozelli 08/01/2025 00h50, atualizada em 24/01/2025 09h58
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Pesquisadores do Google e da Universidade de Stanford (EUA) descobriram que uma conversa de duas horas com um modelo de inteligência artificial (IA) pode permitir à tecnologia criar réplica precisa da personalidade de uma pessoa.

No estudo, publicado no servidor de pré-impressão arXiv, os cientistas treinaram agentes de IA com base em entrevistas com 1.052 indivíduos. Essas entrevistas abordaram aspectos, como valores e opiniões dos participantes, permitindo que a IA capturasse nuances que pesquisas tradicionais não conseguem.

Imagem conceitual mostra uma mão tocando com o indicador a parte de trás da cabeça de uma mulher, com traços digitais azuis entre um e outro. A ideia é simbolizar a inteligência artificial
IA conseguiu captar, com sucesso, vários traços de personalidade dos indivíduos estudados (Imagem: metamorworks/Shutterstock)

Réplicas podem ajudar a área de pesquisa

  • O modelo de IA gerado teve 85% de precisão ao imitar respostas humanas em testes de personalidade e jogos lógicos;
  • Os pesquisadores acreditam que essas réplicas podem ser úteis em cenários de pesquisa, como avaliar políticas públicas, estudar comportamentos em larga escala ou simular reações sociais a eventos significativos;
  • Embora os agentes de IA tenham sido eficazes em replicar atitudes e comportamentos sociais, seu desempenho foi mais fraco em tarefas envolvendo dinâmica social e tomada de decisões econômicas.

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O estudo também destaca o risco de abuso dessa tecnologia, como no caso de deepfakes. No entanto, os pesquisadores acreditam que a IA pode ajudar a entender o comportamento humano de maneiras éticas e controladas, oferecendo novas possibilidades de pesquisa.

O autor principal do artigo, Joon Sung Park, vê essa tecnologia como forma de simular decisões humanas em ambientes experimentais controlados. “Se você puder ter um bando de pequenos ‘vocês’ correndo por aí e tomando realmente as decisões que você teria tomado — isso, eu acho, é, em última análise, o futuro”, disse, em comunicado.

inteligência artificial
Capacidade de réplica de personalidade da IA causa preocupação sobre o uso responsável da tecnologia (Imagem: PopTika/Shutterstock)
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.