Mais mudanças: Meta vai facilitar machismo e transfobia nas redes sociais

Big tech removeu regras do código de conduta que protegiam mulheres e pessoas transgênero
Vitoria Lopes Gomez08/01/2025 15h01, atualizada em 08/01/2025 15h03
Smartphone com logo da Meta; ao fundo, desfocado, placa azul com o escrito
Zuckerberg mudou formas de verificação de informações nos EUA (Imagem: DANIEL CONSTANTE/Shutterstock)
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

A Meta, empresa controladora do Instagram e Facebook, anunciou nesta terça-feira (07) uma mudança radical na política de moderação de conteúdo, incluindo a eliminação na checagem de fatos de forma profissional. O Olhar Digital detalhou a medida e suas implicações aqui. Mas ela não foi a única. Discretamente, a big tech também removeu regras que impedem discursos machistas e transfóbicos.

As decisões da empresa vêm em um momento de recrudescimento na ideia de “liberdade de expressão”, passando a permitir o que chama de “discussões políticas”.

Meta Mark Zuckerberg
Nova moderação de conteúdo pode facilitar disseminação de desinformação (Imagem: Muhammad Alimaki/Shutterstock)

Meta vai facilitar machismo e transfobia

Enquanto o mundo reportava sobre a mudança na moderação de conteúdo que eliminará a checagem de fatos, a Meta atualizou as regras de “conduta de ódio” nas plataformas. Agora, usuários poderão se referir a “mulheres como objetos domésticos ou propriedade” ou a “pessoas transgênero ou não binárias como “it”. Vale lembrar que “it”, em inglês, é usado para se referir a objetos ou animais, não pessoas.

Já outra seção do código de conduta agora permite “alegações de doença mental ou anormalidade quando baseadas em gênero ou orientação sexual, dado o discurso político e religioso sobre transgeneridade e homossexualidade”.

Antes, comentários machistas e transfóbicos estavam sujeitos à remoção por conduta odiosa. Não mais.

meta apps
Meta vai adotar moderação de conteúdo similar ao X, com “notas da comunidade” (Imagem: Tada Images/Shutterstock)

Meta quer liberar “discussões políticas”

Nesta terça-feira, quando anunciou as mudanças na moderação de conteúdo, a Meta comunicou que deixaria de restringir discussões relacionadas a tópicos como imigração e identidade de gênero. O objetivo é permitir mais discussões políticas, já que, segundo a big tech, muitas publicações “inocentes” eram derrubadas por fatores ideológicos.

Ainda de acordo com a empresa, a decisão de eliminar a checagem de fatos de forma profissional, optando por um esquema de “notas da comunidade” (como o X/Twitter faz atualmente), impediria que sistemas automatizados “censurassem” conteúdos que não deveriam ter sido derrubados.

Big tech pode estar tentando ganhar simpatia de Trump (Imagem: Anna Moneymake/rakeshmehta/Shutterstock/Olhar Digital)

Moderação de conteúdo: o que muda?

  • A mudança na moderação de conteúdo pode facilitar a disseminação de desinformação. Já as novas permissões do código de conduta permitem publicações com teor machista e transfóbico nas redes sociais da empresa;
  • Agora, os sistemas da Meta derrubarão apenas o que chamam de “violações extremas”, como exploração sexual infantil e terrorismo;
  • O CEO da empresa, Mark Zuckerberg, admitiu que, na prática, menos publicações “ruins” serão moderadas. Do lado contrário, ele acredita que será possível reduzir o número de postagens e contas de pessoas inocentes removidas acidentalmente;
  • Um porta-voz da big tech confirmou ao CNN que ataques direcionados a certos grupos, como religiosos, étnicos e raciais, ainda serão proibidos, assim como calúnias, incitação e violência e assédio.

Leia mais:

Meta está se alinhando ao governo de Trump

Em ocasiões anteriores, o presidente eleito Donald Trump atacou Zuckerberg e a Meta, inclusive alegando que a big tech estaria censurando os conservadores. Com Trump há poucas semanas de assumir a Casa Branca pela segunda vez, é possível que a empresa esteja tentando ganhar a simpatia do mandatário (assim como fez Elon Musk, dono do X).

Para isso, a Meta adotou um discurso de ampliação na “liberdade de expressão” dentro das plataformas.

Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.