Imagem: xalien/Shutterstock
Há milhões de anos, as esponjas marinhas vêm se adaptando às mudanças do ambiente. No entanto, estes que são considerados os animais mais antigos que habitam a Terra agora enfrentam um novo desafio.
De acordo com um novo estudo, a poluição gerada pelo plástico pode causar sérios prejuízos a estas criaturas. E foi por isso que, mais uma vez, a evolução deu as caras, permitindo que os seres vivos criassem uma nova foram de se defender.
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Um novo estudo conduzido por Liv Goldstein Ascer, doutora em fisiologia pela Universidade de São Paulo (USP), avaliou os impactos nos animais. Em artigo publicado no The Conversation ela descreveu os resultados da pesquisa feita com uma esponja marinha muito comum em áreas poluídas: a esponja-sol (a Hymeniacidon heliophila).
A pesquisadora focou a análise nos ftalatos, substância química utilizada na produção de plástico para torná-lo mais maleável. Esses aditivos se dissociavam dos polímeros e se dispersavam livremente na coluna d’água, sem que houvesse a presença de plástico na região.
A cientistas explica que os produtos químicos, já conhecidos da ciência por mimetizarem ações de diferentes hormônios em modelos vertebrados (chamados de disruptores endócrinos), eram capazes de bloquear momentaneamente as contrações das esponjas. Os animais não precisam destes movimentos para sobreviver em condições normais, mas para um organismo que não se move, perder essa capacidade pode ser uma sentença de morte em caso de movimento intenso da areia, por exemplo.
Técnicas clássicas como a histologia (cortes seriados do organismo em parafina) foram usadas para avaliar as alterações nos canais das esponjas por onde a água passa. Além disso, técnicas modernas, como o sequenciamento genético total do organismo e seus simbiontes (microorganismos que vivem nas esponjas) e a proteômica, análise que permite quantificar as proteínas produzidas ou não por esses organismos, também foram adotados.
A conclusão do trabalho foi que o ftalato bloqueia o cálcio, uma molécula essencial para os animais. Já através de análises de bactérias, que estão intimamente associados à esponja, foi possível identificar que os microrganismos estavam produzindo proteínas capazes de degradar a substância, o que pode ter levado a uma retomada das contrações.
Esta post foi modificado pela última vez em 8 de janeiro de 2025 12:18