O incêndio Palisades, que consome a região entre Malibu e Santa Monica, em Los Angeles, na Califórnia, já destruiu mais de 11 quilômetros quadrados e pode se tornar o incêndio mais caro da história dos Estados Unidos. O fogo, que começou na terça-feira (7), devastou mais de 1.000 estruturas em áreas residenciais de alto padrão e segue totalmente fora de controle, segundo autoridades locais.
De acordo com o cientista climático Daniel Swain (via Science Alert), da Universidade da Califórnia, o incêndio Palisades tem o potencial de superar todos os registros anteriores em termos de custos. “É possível que este incêndio se torne o mais caro já registrado, não apenas na Califórnia, mas em todo o país”, afirmou. As áreas afetadas abrigam algumas das estruturas residenciais mais caras do mundo, e o grande número de imóveis destruídos deve elevar os custos do desastre a patamares históricos.

Além do prejuízo material, o incêndio já deixou ao menos cinco mortos e causou ferimentos em um número significativo de pessoas, conforme relatos das autoridades. Mais de 150 mil moradores receberam ordens de evacuação. Na terça-feira, a cidade de Los Angeles declarou estado de emergência, e o presidente Joe Biden aprovou uma declaração de grande desastre para a Califórnia.
Califórnia enfrenta incêndios urbanos sem precedentes
- O incêndio em Los Angeles é diferente dos habituais na Califórnia. Ele se destaca por atingir vastas áreas urbanas densamente povoadas.
- O cientista climático da UCLA, Daniel Swain, descreveu ao Business Insider o incêndio Eaton como uma “tempestade de fogo urbana” ao analisar imagens ao vivo na manhã de terça-feira (7).
- Comparações históricas remetem ao incêndio de 1991, conhecido como incêndio Tunnel, que destruiu mais de 6 quilômetros quadrados em Oakland.
- Apesar de ser menor que os atuais focos em Los Angeles, o incêndio Tunnel matou 25 pessoas, feriu 150 e ficou marcado como o terceiro mais mortal e destrutivo da história do estado.
- Swain e outros especialistas sugerem que o incêndio Palisades pode se tornar o incêndio mais caro já registrado nos Estados Unidos, devido ao elevado valor das residências na área.
- “Estamos lidando com o que provavelmente será o desastre de incêndio florestal mais custoso da história da Califórnia e talvez dos Estados Unidos”, afirmou Swain.
Vento histórico acelerou a propagação do incêndio na Califórnia
Um poderoso vendaval foi um dos principais fatores para a rápida propagação das chamas. Rajadas chegaram a 145 km/h, dobrando o tamanho do incêndio Palisades em apenas duas horas e meia. Durante a noite de terça-feira, os ventos eram tão fortes que tornaram impossível o uso de aeronaves para despejo de água e retardantes.
Especialistas alertam sobre a combinação mortal de ventos extremos e vegetação seca, que cria incêndios de difícil controle. Segundo Douglas Kelley, especialista em incêndios florestais do Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido, “é incomum como o fogo cresceu tão rápido”.
Um estudo publicado na revista Science revelou que, embora apenas 3% dos incêndios nos Estados Unidos entre 2001 e 2020 possam ser considerados rápidos, eles causaram 78% da destruição de edifícios e 61% dos custos de combate.
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O papel das mudanças climáticas no desastre
Outro fator crítico para a intensidade das chamas é a abundância de combustível para o fogo, resultado direto das mudanças climáticas. Nos últimos dois invernos, chuvas intensas no sul da Califórnia estimularam o crescimento de gramíneas e arbustos. Nos últimos meses, a falta de precipitações secou essa vegetação, tornando-a altamente inflamável.

Esse padrão de extremos climáticos é descrito por Swain como “chicote climático”, caracterizado por oscilações violentas entre períodos de chuva intensa e seca severa. Fenômenos semelhantes foram registrados no incêndio Camp de 2018, considerado o incêndio mais mortal e destrutivo da história da Califórnia, que deixou 85 mortos e destruiu quase 19.000 estruturas.