Algas marinhas brilhantes na Tasmânia podem ter efeito colateral perigoso

O "show de luzes" costuma ser raro, mas tem se tornado mais frequente nos últimos anos
Vitoria Lopes Gomez10/01/2025 19h05
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(Imagem: Emma Burrows, cedido ao IFLScience/Reprodução)
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Um show de auroras decorou o céu da Tasmânia no dia do Ano Novo. Outro evento belíssimo de luzes iluminou o país, dessa vez no mar: organismos bioluminescentes chamados Noctiluca scintillans (uma espécie de algas marinhas) brilharam nas águas.

A beleza do evento, no entanto, pode esconder algo preocupante: o surto contínuo desses organismos, que vêm ameaçando a fauna local.

Evento chamou atenção de turistas e biólogos (Imagem: Emma Burrows, cedido ao IFLScience/Reprodução)

Show de luzes esconde surto de espécie marinha

A N. scintillans é uma espécie marinha pertencente ao grupo dos dinoflagelados, que ficou conhecida por sua propriedade de bioluminescência. Sua presença nos mares é comum, mas os “shows de luzes” costumam ser raros.

No entanto, a Tasmânia tem observado um aumento nas ocorrências desses eventos. O brilho das “algas marinhas” não eram registrados no país desde meados da década de 1990, mas se tornaram relativamente comuns. Um deles, por exemplo, aconteceu em 2017. Agora, aconteceu em 2025, apenas oito anos depois (em comparação com quase três décadas sem avistamentos). Segundo a bióloga Dra. Lisa-ann Gershwin, à ABC, isso é um indicador de que algo está errado.

Show de luzes registrado na Tasmânia no início do ano foi causado por organismo marinho (Imagem: Emma Burrows, cedido ao IFLScience/Reprodução)

Qual o motivo do surto na Tasmânia?

  • A quantidade de organismos marinhos N. scintillans aumenta quando há mais nutrientes na água, como nitrogênio e fósforo;
  • No entanto, de acordo com o IFLScience, biólogos marinhos ainda não sabem o motivo do surto atual;
  • No caso da Tasmânia, esse crescimento pode ter a ver com o despejo de dejetos de fazendas de salmão espalhadas pelo litoral do país.

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Aumento de algas marinhas pode ter consequências globais

O aumento na quantidade de organismos N. scintillans não pode continuar. Isso porque, assim os fitoplânctons, a espécie esgota o oxigênio dos oceanos, impossibilitando a vida de outros animais. A neurocientista Emma Burrows, que passou as férias na Tasmânia, relatou que viu muito golfinhos na região, mas que eles nunca chegavam na parte onde as “algas” estavam.

Outro motivo é que os organismos podem se multiplicar para além da capacidade de qualquer outro animal da cadeia alimentar freá-los, o que causaria um desequilíbrio.

A consequência pode chegar aos humanos. Como os organismos têm amônia, os peixes mortos chegariam até nós contaminados. O contato direto com a N. scintillans não é prejudicial (pelo menos a curto prazo).

Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.