A China planeja colocar a primeira bandeira tremulante na Lua

Inspirados pela criatividade dos alunos da cidade de Changsha, pesquisadores pretendem mover a bandeira por meio de campos eletromagnéticos
Por Samuel Amaral, editado por Lucas Soares 13/01/2025 18h05, atualizada em 15/01/2025 20h48
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Cientistas chineses exploram a possibilidade de fazer uma bandeira capaz de tremular na fina atmosfera da Lua. Caso seja viável, enviarão o objeto na missão de exploração lunar Chang’e 7, prevista para 2026.

O projeto está em desenvolvimento no Laboratório de Exploração do Espaço Profundo (DSEL). O centro de pesquisa é comandado em parceria pela Administração Espacial Nacional da China(CNSA) e pela Universidade de Ciência e Tecnologia da China. Ele iniciou suas operações em junho de 2022.

“Sabemos que na Lua a ausência de atmosfera cria um vácuo. Por isso, é difícil fazer uma bandeira tremular ao vento como na Terra”, Disse Zhang Tianzhu, vice-chefe do instituto de tecnologia futura do DSEL

Ilustração mostra como será a Chang'e 6, módulo lunar chinês
Ilustração da chegada de Chang’e 7 na Lua (Imagem: CNSA/CCTV)

Uma ideia vinda de estudantes

A solução proposta foi a de agitar a flamula por meio de um mecanismo eletromagnético. O projeto se baseia na disposição de fios de circuito fechado na superfície da bandeira, que permitiriam o fluxo de uma corrente elétrica negativa e positiva. Dessa forma, a bandeira irá tremular por meio da interação dos campos eletromagnéticos criados pelo movimento das cargas elétricas na fiação.

“Se for bem-sucedido, esta será a primeira bandeira a tremular na superfície lunar”, observa o pesquisador. Ele acrescenta que a divulgação mais aprofundada do projeto acontecerá até fevereiro deste ano.

É importante destacar que a bandeira levada pelos astronautas da Apollo 11 para a Lua em 1969 era “fixa”, ou seja, tinha um aspecto tremulante, mas não se mexia.

A ideia veio de alunos do ensino fundamental da cidade de Changsha, província de Hunan, no centro da China. Segundo Zhang, a iniciativa pode melhorar a compreensão dos jovens sobre os programa espacial chinês e despertar seu interesse em futuras carreiras no setor aeroespacial.

Imagem tirada com a câmera panorâmica do módulo de pouso da sonda Chang'e-6 divulgada pela Administração Espacial Nacional da China (CNSA).
Imagem tirada com a câmera panorâmica do módulo de pouso da sonda Chang’e-6. (Imagem: CNSA)

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China já tem mais duas missões lunares planejadas

Em 2024, a missão espacial chinesa Chang’e 6 concluiu seu objetivo com sucesso. Ela foi a responsável pelo primeiro retorno de amostras científicas do lado oculto da Lua. 

Para 2026, a China planeja lançar o seu módulo lunar Chang’e 7. O foco dessa nova incursão é encontrar vestígios de água congelada no polo sul da Lua. Se for bem sucedida, o módulo implantará a primeira bandeira tremulante em solo lunar com sucesso.

Após Chang’e 7, a CNSA pretende lançar a sonda Chang’e 8 por volta de 2028. Seu objetivo é realizar experimentos sobre a utilização dos recursos lunares.

Até 2035, espera-se que Chang’e-7 e Chang’e-8 constituam juntas o modelo básico da Estação Internacional de Pesquisa Lunar (ILRS). Ela será um centro para engenheiros, um laboratório para cientistas e um espaço de desenvolvimento para talentos internacionais que pesquisam o espaço profundo, segundo Zhang. 

“Nosso objetivo é estabelecer uma instalação experimental científica abrangente, sustentável e escalável na superfície e em órbita lunar, capaz de operação autônoma de longo prazo e participação humana de curto prazo”, explica o pesquisador.

Samuel Amaral
Redator(a)

Samuel Amaral é jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (USP) e estagiário de Ciência e Espaço no Olhar Digital.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.