Em meio à exuberante floresta amazônica, a 80 km de Manaus, surge uma visão inusitada: torres metálicas que se elevam acima da copa das árvores. Elas fazem parte do AmazonFACE, um ambicioso experimento científico que busca simular as condições atmosféricas de 2060 para desvendar os impactos das mudanças climáticas sobre a maior floresta tropical do mundo.
Liderado por pesquisadores da Unicamp, do INPA e do governo britânico, o projeto utiliza uma tecnologia inovadora para “viajar no tempo”.
Como funciona essa “máquina do tempo”
- Através de um sistema de anéis e torres de alumínio de 35 metros de altura, os cientistas elevarão a concentração de CO₂ em áreas delimitadas da floresta, simulando o aumento previsto para as próximas décadas;
- Essa “máquina do tempo” permitirá observar, em tempo real, como o ecossistema amazônico reage a essa mudança crucial;
- A escolha da Amazônia para esse estudo pioneiro não é por acaso. A floresta desempenha um papel fundamental na regulação do clima global, mas também é altamente vulnerável às mudanças climáticas;
- O aumento da temperatura e a redução das chuvas podem levar a um colapso do ecossistema, com consequências devastadoras para o planeta.

O AmazonFACE busca respostas para essa grande incógnita: como o aumento do CO₂ atmosférico afetará a floresta, sua biodiversidade e os serviços ecossistêmicos que ela fornece? A expectativa é que o experimento revele, por exemplo, se o aumento do CO₂ pode, de fato, ter um efeito “fertilizador” sobre a floresta, tornando-a mais resistente às secas.
Os resultados do experimento fornecerão informações cruciais para a formulação de políticas públicas e estratégias de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. Ao abrir uma janela para o futuro da Amazônia, o projeto contribui para a preservação desse patrimônio natural vital para o planeta e para as gerações futuras.
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Com um investimento milionário e a colaboração de cientistas de diversos países, o AmazonFACE é um marco na pesquisa ambiental. O projeto investigará os fluxos de carbono, a ciclagem de nutrientes, o fluxo de umidade, a resposta da fauna e flora, os impactos socioeconômicos e a modelagem computacional do ecossistema.
A meta, segundo informações do g1, é compreender os desafios impostos pelas mudanças climáticas e buscar soluções para garantir a sobrevivência da Amazônia e do planeta.