Chinesas começam a produzir carros elétricos no Brasil esse ano – preços devem baixar?

A BYD iniciará a fabricação de elétricos no Brasil ainda no 1º semestre deste ano, enquanto a GWM começará as operações no 2º semestre
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 14/01/2025 06h10, atualizada em 15/01/2025 20h47
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O ano de 2025 vai marcar o início da produção da BYD e da GWM no Brasil. A previsão é que os veículos da primeira empresa comecem a ser fabricados localmente ainda no primeiro semestre deste ano, com a segunda montadora iniciando as operações no segundo semestre.

Ainda existe a expectativa é que outras empresas adotem o mesmo rumo entre 2026 e 2030. Entre elas estão Neta, GAC e Omoda/Jaecoo. Segundo especialistas do setor, a fabricação no Brasil faz parte da estratégia de crescimento global das companhias chinesas.

Vantagens de uma produção local

No ano passado, o Brasil contabilizou 2,5 milhões de veículos vendidos, uma alta de 15% em relação a 2023, e o maior crescimento entre os dez maiores mercados globais. Isso tem despertado o interesse de marcas chinesas. Além disso, a fabricação local também livra as empresas do imposto de importação de carros eletrificados importados, atualmente em 18%, e que chegará a 35% em 2026.

O consumidor brasileiro é fiel e se aproximar dele com a fabricação no país passa mais confiança. É interessante notar que os carros populares sumiram, mas os brasileiros continuam comprando veículos mais caros, com mais margem de ganho para as empresas

Cristiano Doria, sócio-diretor da consultoria Roland Berger Brasil e especialista no setor automotivo

Com a produção nacional, as chinesas também receberão incentivos do governo para o setor por meio do programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que oferece benefícios fiscais para pesquisa e desenvolvimento, produção tecnológica e autopeças. A expectativa é que o Brasil passe a ser um hub de exportação dessas companhias para vizinhos como Argentina, Colômbia e Bolívia, o que também é importante na estratégia de expansão chinesa.

Logo da BYD em fachada
Chinesa BYD está investindo pesado no Brasil (Imagem: Robert Way/Shutterstock)

Outra vantagem para as empresas é fugir do aumento do protecionismo dos mercados da Europa e dos EUA. Além do Brasil, mercados como Rússia, Austrália e Tailândia estão sendo mais procurados pelas montadoras chinesas.

O Brasil não é apenas um “campo de provas” para as montadoras chinesas, mas uma saída estratégica já que é um mercado consolidado. E está fora das regiões onde essas companhias estão enfrentando restrições comerciais.

Milad Kalume Neto, consultor e especialista no mercado automotivo

Por outro lado, o avanço destas montadoras preocupa a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O presidente da entidade, Márcio de Lima Leite, observou que a importação de veículos deixou a balança comercial do setor negativa em 2024, o que não acontecia desde 2021.

Em função disso, a Anfavea defende a elevação do Imposto de Importação para 35%. O objetivo da medida é estimular as montadoras já instaladas no país, que investem R$ 150 bilhões até 2030. As informações são de O Globo.

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Brasil faz parte da estratégia de crescimento global das montadoras chinesas (Imagem feita com inteligência Artificial. Alessandro Di Lorenzo/Olhar Digital/DALL-E)

Redução dos preços dos elétricos?

  • De acordo com os especialistas, o início da produção local não deve se refletir em preços mais baixos para os consumidores.
  • Como estão em fase de investimentos, as empresas precisam de margens de lucro mais altas para cobrir seus custos de instalação.
  • O Haval 6, da GWM, custa em torno de R$ 240 mil, enquanto o Song Plus e o Dolphin Mini, da BYD, saem por volta de R$ 299 mil e R$ 115 mil, respectivamente.
  • Um levantamento da Bright Consulting, especializada no setor automotivo, mostra que os carros chineses avançaram no mercado brasileiro no ano passado.
  • A participação da BYD, por exemplo, saltou de 0,8% em 2023 para 3,1%.
  • Mas os analistas ainda veem obstáculos para um crescimento mais forte delas no Brasil, como a falta de infraestrutura de carregamento de elétricos.
  • Atualmente, existem cerca 11 mil carregadores públicos e semipúblicos, número muito abaixo do necessário.
  • Ao mesmo tempo, o preço elevado dos elétricos e a alta taxa básica de juros também dificultam as vendas.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.