Antártida pode sofrer com grandes erupções vulcânicas, alerta estudo

Existem mais de cem vulcões sob a Antártida que podem "despertar" dependendo da taxa em que a cobertura de gelo diminui
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 14/01/2025 11h02, atualizada em 14/01/2025 21h38
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Um dos efeitos das mudanças climáticas é o derretimento da camada de gelo da Antártida. Este fenômeno já vem sendo registrado há alguns anos e tem acelerado com o aumento médio das temperaturas do planeta.

Agora, um novo estudo aponta para outro reflexo relacionado ao degelo. Segundo cientistas, existem mais de cem vulcões sob a região e que podem “despertar” dependendo da taxa em que a cobertura de gelo diminui.

Mudanças na pressão afetam o comportamento do magma

Os pesquisadores explicam que as camadas de gelo da Antártida são tão espessas que seu peso pode comprimir significativamente o solo abaixo delas. E essa pressão afeta o comportamento do magma nas câmaras vulcânicas.

Diminuição da cobertura de gelo na Antártida pode “despertar” vulcões adormecidos (Imagem: Mozgova/Shutterstock)

Existem evidências, por exemplo, de que o degelo na Patagônia desencadeou um aumento na atividade vulcânica no final da última era glacial, o que pode acontecer novamente. A mudança de pressão pode causar rupturas na crosta terrestre, através das quais o magma pode escapar, principalmente de câmaras rasas.

Além disso, a água e o dióxido de carbono dissolvidos no magma formam bolhas, que aumentam a pressão dentro do próprio magma, o que pode desencadear erupções. Apesar disso, os cientistas não sabem dizer ao certo quanto gelo precisaria derreter para que isso acontecesse.

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Erupções seriam provocadas pelas mudanças na pressão da região (Imagem: Vibe Images/Shutterstock)

Simulações confirmam riscos de erupções vulcânicas

  • É muito difícil realizar qualquer tipo de estudo em um vulcão ativo.
  • Por isso, pesquisadores criaram simulações do que pode acontecer no futuro.
  • Segundo eles, se uma camada de gelo de um quilômetro de espessura derreter em um período de 300 anos (muito mais rápido do que o normal), 50 milhões de toneladas extras de material escapariam.
  • Isso significa uma grande quantidade de pressão e a possibilidade de uma erupção.
  • No entanto, os cientistas acreditam que mesmo uma taxa lenta de derretimento contribuirá para mais atividades vulcânicas.
  • Este cenário criaria um ciclo sem fim: a elevação das temperaturas aumentaria o degelo, que causaria erupções, que aumentariam ainda mais o calor e assim por diante.
  • As conclusões foram descritas em estudo publicado na revista Geochemistry, Geophysics, Geosystems
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.