É verdade que podemos engolir aranhas durante o sono?

Essa crença é mais comum em algumas partes do mundo; cientistas e biólogos afirmam que isso não passa de um mito ou lenda urbana.
Por Bob Furuya, editado por Bruno Capozzi 14/01/2025 07h02
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Imagem: Robert Petrovic/Shutterstock
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Eu me assustei bastante ao descobrir que tem muita gente no mundo que acredita que nós podemos engolir aranhas enquanto dormimos. Mais do que isso: de acordo com essas pessoas, nós engolimos esses pequenos seres de 8 patas com certa regularidade até: de 3 a 8 vezes por ano!

Eu nunca tinha ouvido nada parecido aqui em São Paulo, a cidade onde vivo. Agora, o Brasil é um país continental, então talvez essa história seja mais popular em outros cantos. Assim como é popular no exterior.

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Nos Estados Unidos, por exemplo, a ingestão de aranhas virou meme no Tumblr em 2013. E uma série de jornais conceituados fizeram reportagens sobre o assunto: entre eles o Washington Post e a BBC, só para citar alguns.

As publicações ouviram uma série de cientistas, biólogos e outros especialistas e todos foram categóricos: isso não passa de um mito, uma lenda urbana.

Para a maioria das pessoas, aranhas são uma das espécies mais assustadoras de animais – Imagem: Pong Wira/Shutterstock

Palavra dos especialistas

“Você tem mais chances de ganhar na loteria do que ter uma aranha caindo na sua boca enquanto dorme”.

  • Essa declaração do entomologista Floyd Shockley ao Post em 2023 dá uma real medida de quão improvável é essa possibilidade.
  • É claro que isso pode ter acontecido algumas vezes na história, mas não há nenhum relato confiável sobre o assunto.
  • Além disso, se aconteceu, foi algo acidental, como explicou Matt Wilkinson, do Departamento de Zoologia da Universidade de Cambridge, à BBC.
  • Segundo ele, você sentiria uma aranha caminhando pelo seu rosto e acordaria antes dela entrar na sua boca.
  • Ou seja, para ela aparecer na boca de alguém, ela teria que cair diretamente do teto – e sem querer.

“É clichê dizer que elas têm mais medo de você do que você delas, mas, neste caso, é realmente verdade. Por que diabos uma aranha entraria [na sua boca]?”, indagou Geoff Oxford, secretário honorário da Sociedade Aracnológica Britânica, também à BBC.

  • Floyd Shockley deu bons argumentos sobre por que a aranha quer passar longe dessa região do nosso corpo:

“Um corpo humano adormecido é um pesadelo para uma aranha comum: é um gigante enorme, quente, em movimento, vibrando e roncando, com uma boca como uma caverna quente e úmida que é principalmente dióxido de carbono e vapor de água”, definiu o especialista.

O perigo de dormir de boca aberta não é permitir a entrada de uma aranha, mas sim atrapalhar o sono do seu parceiro – Imagem: PeopleImages/iStock

E se acontecer comigo, o que fazer?

Ok, e se, contrariando as estatísticas, você acordar um dia engasgado com uma aranha? Fora o susto (e o nojo), os especialistas ouvidos pelo Post disseram que isso não seria motivo para grandes preocupações.

A primeira coisa que deve fazer é monitorar o seu próprio corpo. No caso de alguma reação alérgica, você deve procurar um médico imediatamente.

Agora, no geral, a maioria desses animais não são venenosos (ou o veneno deles é quase inofensivo para seres humanos).

Como brincou Bill Shear, professor emérito de Biologia no Hampden-Sydney College, na Virgínia, no máximo “você vai obter um pouco mais de proteína na sua dieta”

E, olhando para o mundo, algumas culturas comem aranhas há muito tempo. No Camboja e na Tailândia, por exemplo, algumas espécies são verdadeiras iguarias. Você as frita, come e eles garantem que tem gosto de caranguejo.

Eu prefiro não experimentar.

As informações são do IFL Science.

Bob Furuya
Colaboração para o Olhar Digital

Roberto (Bob) Furuya é formado em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua na área desde 2010. Passou pelas redações da Jovem Pan e da BandNews FM.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.