O fim chegou para a nave em formato de cartola da Agência Espacial Europeia (ESA). A missão Gaia, que mapeia a Via Láctea há 12 anos, encerrou as operações nesta quarta-feira, 15 de janeiro.
A conclusão da fase de coleta de dados foi necessária, pois a nave estava com pouco gás propelente frio. Seu mecanismo tem usado cerca de 12 gramas por dia deste combustível propulsor desde o lançamento, em 19 de dezembro de 2013, do porto espacial europeu na Guiana Francesa.

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No entanto, mesmo que a nave Gaia possa estar em seus momentos finais, isso não é o fim da missão. A influência do programa na ciência espacial ainda perdurará pelos próximos anos por meio de sua divulgação de dados.
“Na minha opinião, a missão Gaia não está terminada, apenas a parte de coleta de dados”, disse Kareem El-Badry, pesquisador do Centro de Astrofísica de Harvard e Smithsonian (CfA) e usuário frequente de dados de Gaia, ao site Space.com.
Gaia: um novo olhar para a Via Láctea
A missão teve início em 2013 e rapidamente tornou-se famosa por criar o mais detalhado mapa estelar da Via Láctea. Nele, estão contidas informações extremamente precisas sobre fatores como a posição, a velocidade e a distância de quase 2 bilhões de estrelas.
A primeira divulgação de dados da espaçonave aconteceu em 14 de setembro de 2016; a segunda ocorreu em 25 de abril de 2018, e a terceira, em 13 de junho de 2022.

Os cientistas responsáveis por Gaia não terão tempo de lamentar o seu fim. Eles estão se preparando para a Gaia Data Release 4 (GR4), a próxima liberação de dados espaciais inéditos coletados pela nave.
A divulgação está prevista para ocorrer antes da metade de 2026. Com base em cinco anos e meio de observações, a ESA afirmou que o GR4 não será “mais do mesmo” e deverá superar o GR3 em termos de volume e qualidade de dados.
Assim que todos os dados de Gaia forem baixados para a Terra, o trabalho começará no GR5, o lançamento final dos dados da espaçonave. Este será um despejo de dados colossal contendo observações estelares coletadas ao longo de dez anos. Não se espera o lançamento do GR5 até o final da década de 2020.
“Menos de um terço de todos os dados de Gaia foram publicados até agora, e as informações finais não estarão prontas para a ciência até a década de 2030”, disse El-Badry. “É preciso muito trabalho humano e de computação para processar todos esses dados.”