O Sol está prestes a inverter seu campo magnético; o que esperar?

O Sol está prestes a inverter seu campo magnético, o que marca uma mudança importante no ciclo solar, com efeitos no clima espacial
Ana Luiza Figueiredo15/01/2025 14h24
sol
(Imagem: Nazarii_Neshcherenskyi / Shutterstock.com)
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O Sol está prestes a passar por um evento significativo: a reversão de seu campo magnético. Este fenômeno ocorre a cada 11 anos e marca uma fase importante no ciclo solar. A inversão da polaridade indica que o Sol está no ponto médio entre o máximo solar, quando sua atividade atinge o auge, e o início da transição para o mínimo solar. O último evento de reversão ocorreu no final de 2013.

Este processo levanta diversas perguntas, como o que exatamente causa essa mudança de polaridade e quais são suas possíveis consequências para a Terra. Embora a inversão do campo magnético do Sol não represente uma ameaça direta ao nosso planeta, a compreensão desse fenômeno pode revelar detalhes fascinantes sobre o comportamento solar e seus efeitos no espaço ao nosso redor.

O ciclo solar e a reversão magnética

Para entender a reversão magnética do Sol, é necessário compreender o ciclo solar, que dura cerca de 11 anos. Esse ciclo é impulsionado pelo campo magnético do Sol e é medido pela intensidade e frequência das manchas solares, que surgem em sua superfície. Durante o máximo solar, o Sol apresenta uma intensa atividade magnética. Estima-se que o próximo máximo solar ocorrerá entre o final de 2024 e o início de 2026.

campo magnético solar
Durante o máximo solar, um grande número de manchas solares é visível em latitudes médias, e durante o mínimo solar, um número muito pequeno (às vezes zero) de manchas solares é visível no equador solar. (Imagem: Future via Space.com)

Além disso, existe outro ciclo menos conhecido, chamado de ciclo Hale, que abrange dois ciclos solares de 11 anos e dura aproximadamente 22 anos. Esse ciclo é responsável pela reversão do campo magnético do Sol, momento em que a polaridade do Sol se inverte e eventualmente retorna ao seu estado original, de acordo com Ryan French, astrofísico solar e colaborador do Space.com.

Durante o mínimo solar, o campo magnético do Sol se comporta como um dipolo, com um polo norte e um polo sul, semelhante ao campo magnético da Terra. À medida que o Sol se aproxima do máximo solar, esse campo se torna mais complexo, com a separação clara entre os polos norte e sul desaparecendo. Quando o máximo solar é superado, o Sol retorna a um dipolo, mas com a polaridade invertida.

O que causa a reversão da polaridade?

A reversão do campo magnético do Sol é impulsionada pelas manchas solares, que são regiões de atividade magnética intensa na superfície solar. Essas manchas podem desencadear eventos solares significativos, como erupções solares e ejeções de massa coronal (CMEs), que são grandes explosões de plasma e campos magnéticos.

Tempestade solar (Imagem: Gergitek Gergi Tavan – Shutterstock)

As manchas solares próximas ao equador solar geralmente têm uma orientação magnética compatível com o campo magnético anterior, enquanto as manchas mais próximas aos polos solares seguem a orientação magnética que precede a inversão, fenômeno conhecido como Lei de Hale.

Embora os cientistas ainda não saibam exatamente por que isso leva a uma reversão completa da polaridade, a atividade das manchas solares e os campos magnéticos que elas geram são os principais responsáveis por esse processo gradual.

A velocidade da reversão

A reversão do campo magnético do Sol não ocorre de forma instantânea. Em vez disso, ela é um processo gradual, que pode durar de um a dois anos para se completar, embora haja variações significativas entre os ciclos.

Por exemplo, a reversão do campo polar norte do ciclo solar 24, que terminou em 2019, levou quase cinco anos para ser concluída. Como esse processo é gradual, é muito difícil perceber exatamente quando ele acontece.

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Efeitos da reversão no nosso planeta

Embora a reversão do campo magnético do Sol não represente uma ameaça iminente para a Terra, ela tem efeitos interessantes, especialmente no que diz respeito ao clima espacial. Durante o máximo solar, quando o campo magnético do Sol é mais complexo, o clima espacial tende a ser mais intenso, com erupções solares e CMEs mais frequentes. Isso pode gerar tempestades geomagnéticas na Terra, que, por sua vez, produzem exibições incríveis da aurora boreal e austral.

Um dos efeitos mais positivos da reversão do campo magnético do Sol é a melhora na proteção da Terra contra os raios cósmicos galácticos, partículas subatômicas de alta energia que viajam quase à velocidade da luz e podem danificar espaçonaves e representar riscos para astronautas fora da atmosfera protetora da Terra.

À medida que o campo magnético do Sol muda, a folha de corrente, uma camada que se estende bilhões de quilômetros a partir do equador solar, se torna mais ondulada, oferecendo uma barreira mais eficaz contra esses raios cósmicos.

O que esperar dos próximos ciclos solares?

Os cientistas estão de olho na inversão do magnetismo do Sol e na duração do processo de reversão. Caso o campo magnético retorne rapidamente ao seu estado dipolar, o próximo ciclo solar poderá ser mais ativo. No entanto, se a transição for mais lenta, o ciclo solar seguinte poderá ser mais fraco, como ocorreu com o ciclo solar 24. O monitoramento contínuo desse fenômeno fornecerá mais pistas sobre a intensidade das atividades solares nos próximos anos.

A reversão do campo magnético do Sol é um fenômeno natural, mas que desperta a curiosidade sobre como ele pode afetar nosso clima espacial e as condições no Sistema Solar.

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.