Sorte no jogo? Cientificamente isso não existe

A nossa busca por padrões em eventos independentes pode acabar levando a erros e decisões precipitadas
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Lucas Soares 15/01/2025 10h52
cassino
Imagem: merc67/Shutterstock
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Estamos cercados por eventos aleatórios diariamente, como o comportamento do mercado de ações ou os resultados de uma partida de futebol. Muitas vezes, tentamos encontrar padrões nesses eventos, mas, na maioria das vezes, estamos apenas observando aleatoriedade.

Para entender melhor, é importante compreender a independência dos eventos, que significa que o resultado de um evento não afeta o de outro. A falha em entender isso leva a fenômenos como a falácia do jogador e a crença na “mão quente”. Um artigo do The Conversation explica isso.

Sorte no jogo é uma falácia

  • Em 1913, no Cassino de Monte Carlo, jogadores apostaram no vermelho após uma sequência de 20 rodadas consecutivas de preto, acreditando que o resultado “deveria” mudar.
  • No entanto, cada rodada era independente, e o preto continuou a aparecer, levando a grandes perdas.
  • Esse erro ocorre quando se acredita que eventos passados influenciam o futuro em sequências aleatórias.

Na loteria, jogadores acreditam que números não sorteados por muito tempo têm mais chance de sair. Pais que têm filhos do mesmo sexo acham que o próximo será de sexo oposto.

Dados girando
Podemos pensar que um dado que caiu várias vezes no mesmo número tem menos chances de repetir esse número na próxima vez que for jogado, mas as chances seguem iguais – Imagem: Edge2Edge Media/Unsplash

Goleiros de futebol também são vítimas dessa falácia, tendendo a acreditar que após vários pênaltis para o mesmo lado, a tendência “deve” mudar, o que não é verdade.

Alguns eventos, como arremessos consecutivos de basquete, criam a crença de que um jogador está “quente”, ou seja, são maiores as chances dele acertar os próximos arremessos graças ao fato ele ter acertado os últimos. As evidências sobre esse fenômeno são mistas.

Leia mais:

A influência sobre os arremessos certamente são mais pautadas na habilidade e na confiança do jogador, que podem condicionar os resultados, mas não há consenso sobre a existência de um efeito real da “mão quente”, ou seja, que arremessos certos anteriores aumentam a chance de sucesso nos próximos.

nba prime video
A ideia da “mão quente” no basquete não tem nenhuma comprovação científica, sendo apenas uma superstição – Imagem: Brocreative / Shutterstock.com

Apesar da nossa tendência em buscar padrões para entender o mundo, mas frequentemente interpretamos a aleatoriedade de maneira errada. Isso pode nos levar a erros como acreditar que eventos semelhantes indicam algo incomum ou fraudado.

Reconhecer que a aleatoriedade é natural nos ajuda a tomar decisões mais racionais e focadas na realidade, sem cair em superstições ou falsas expectativas.

Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.