Cientistas avançam em desextinção do tigre-da-Tasmânia com útero artificial

Empresa cultiva embriões de marsupiais em útero artificial, avançando projeto de trazer de volta espécies extintas como o tigre-da-Tasmânia
Ana Luiza Figueiredo16/01/2025 14h16
tigre da tasmânia
(Imagem: Ozja / Shutterstock.com)
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A Colossal Biosciences, empresa norte-americana especializada em biotecnologia, deu mais um passo importante em sua missão de trazer espécies extintas de volta à vida. Recentemente, a companhia anunciou o desenvolvimento de embriões de marsupiais que atingiram mais da metade do período gestacional em um útero artificial. Essa conquista representa uma inovação sem precedentes no campo da genética e da conservação animal.

Além disso, a Colossal garantiu um investimento adicional de US$ 200 milhões na rodada de financiamento Série C, liderada pela TWG Global. Com isso, o total de capital arrecadado pela empresa chega a US$ 435 milhões, recursos que estão sendo utilizados para criar tecnologias pioneiras na preservação de espécies e na saúde humana.

tigre da tasmânia
Último tigre-da-Tasmânia vivo conhecido morreu em cativeiro em 7 de setembro de 1936 (Imagem: Reprodução)

O que é a Colossal Biosciences?

Fundada por Ben Lamm e pelo renomado geneticista George Church, da Universidade de Harvard e do MIT, a Colossal se destacou por seus projetos audaciosos. A empresa busca ressuscitar espécies icônicas, como o mamute-lanoso, o dodô e o tigre-da-Tasmânia, por meio de ferramentas genéticas de ponta.

Entre as inovações recentes, destacam-se:

  • A criação de genomas de referência em escala cromossômica para elefantes africanos e asiáticos, além do hírax-das-rochas.
  • O sequenciamento de genomas antigos do mamute-lanoso, que permitiu a identificação e edição de mais de 20 genes associados à sobrevivência em climas frios.
  • No projeto do dodô, a equipe desenvolveu técnicas para estudar a forma única do bico da espécie, utilizando aprendizado de máquina.

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O impacto do útero artificial

O foco atual da empresa está no desenvolvimento de um útero artificial capaz de suportar o crescimento de embriões de marsupiais sem a necessidade de mães de aluguel. Segundo Ben Lamm, o dispositivo utiliza tecnologia avançada, como microfluídica de precisão e controle de gases, para replicar o ambiente uterino com exatidão.

filhotes de marsupiais
Filhotes de gambás na bolsa da mãe. Útero artificial dispensaria a necessidade de mães de aluguel (Imagem: Breck P. Kent / Shutterstock.com)

“Esse sistema é mais sofisticado que qualquer outro dispositivo existente, permitindo o acompanhamento das etapas do desenvolvimento embrionário com precisão”, afirmou Lamm. Ele destacou que o útero artificial possibilitará a produção em escala de filhotes de tigre-da-Tasmânia para projetos de reintrodução na natureza.

Além de seu potencial para ressuscitar espécies extintas, a tecnologia tem aplicações diretas na conservação de espécies ameaçadas de extinção. O dispositivo permitiria gerar animais vivos a partir de células armazenadas em biobancos, eliminando a necessidade de fêmeas de aluguel e simplificando o processo de reprodução assistida.

Desafios e próximos passos

Embora os marsupiais tenham uma gestação curta e um desenvolvimento placentário superficial, ainda existem desafios a serem enfrentados, como o atendimento às necessidades nutricionais dos embriões em diferentes estágios. A Colossal pretende expandir os testes para outras espécies, como camundongos, que possuem períodos gestacionais mais longos e placentas mais complexas.

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.