Nossos ancestrais da Idade da Pedra eram artesãos exemplares. Mas, afinal, como eles conseguiam identificar e escolher as rochas perfeitas para criar suas ferramentas? Um novo estudo publicado na revista PLOS ONE parece ter desvendado a resposta.
Entenda:
- Um novo estudo sugere como nossos ancestrais escolhiam as rochas para criar ferramentas durante a Idade da Pedra;
- Ao analisar dois tipos de rochas aparentemente semelhantes, mas com propriedades bem diferentes, a equipe descobriu que os antigos hominídeos eram capazes de escolher deliberadamente o material mais duro para criar ferramentas de corte, por exemplo;
- A descoberta refuta algumas suposições anteriores baseadas em “tamanho e morfologia” dos artefatos.
Os autores do estudo analisaram uma série de ferramentas encontradas no sítio arqueológico Melka Wakena, na Etiópia, em busca de determinar quais fatores eram levados em consideração pelos hominídeos na hora de escolher a matéria-prima de seus artefatos.

A equipe descobriu que “as propriedades materiais das pedras – como adequação, qualidade e durabilidade – foram provavelmente fatores cruciais no processo de seleção pelos primeiros hominídeos. Isso sugere que eles tinham um profundo entendimento do seu ambiente e fizeram escolhas deliberadas”, disse Eduardo Paixão, líder do estudo, em comunicado.
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Escolha de rochas para ferramentas na Idade da Pedra era intencional, sugere equipe
Os cientistas analisaram dois tipos de rocha semelhantes a olho nu, mas com comportamentos diferentes. Uma delas, vinda de uma região mais distante, era mais resistente; a outra, encontrada em abundância nas redondezas, era mais macia. Intencionalmente, percebendo a diferença nas propriedades, nossos antepassados escolheram a rocha mais dura para a fabricação de grandes ferramentas de corte.

A equipe explica no artigo que, geralmente, a concepção acerca das funções de artefatos antigos costuma surgir de suposições baseadas em “tamanho e morfologia”. “As diferenças nas propriedades físicas das rochas são frequentemente descritas e organizadas pelos pesquisadores em categorias distintas de ‘qualidade da matéria-prima’.”
Com o estudo, os autores descobriram que algumas dessas “qualidades” resultaram do uso prolongado das ferramentas. “Essas descobertas abrem novas perspectivas para entender as inovações tecnológicas na história humana inicial. Planejamos mais pesquisas para compreender melhor as decisões complexas tomadas por esses primeiros fabricantes de ferramentas”, conclui Paixão.