Em seu último discurso público na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alertou sobre dois perigos: desinformação e líderes do setor de tecnologia sedentos por (ainda mais) poder. “Hoje, uma oligarquia está se formando na América”, disse Biden.
Para o presidente, essa espécie de oligarquia tech tem “riqueza extrema, poder e influência que ameaçam literalmente toda a nossa democracia, nossos direitos e liberdades básicos”.
Donald Trump toma posse como novo presidente dos EUA na próxima segunda-feira (20). E CEOs de big techs – Elon Musk, Mark Zuckerberg, Tim Cook, Jeff Bezos, Sundar Pichai – terão lugar de honra na cerimônia.
- Para quem não sabe: oligarquia é uma forma de governo na qual o poder político é concentrado nas mãos de um pequeno grupo de pessoas, geralmente pertencentes a uma mesma família, classe social, grupo econômico ou partido político.
Biden se diz preocupado com ‘concentração de poder nas mãos de poucas pessoas ultra-ricas’ em oligarquia tech
Em sua mensagem de despedida, transmitida na quarta-feira (15), Biden fez referência aos alertas do presidente Dwight Eisenhower sobre o complexo militar-industrial que causou “aumento desastroso de poder mal direcionado”.
Seis décadas depois, estou igualmente preocupado com a ascensão de um complexo industrial tecnológico que também poderia representar reais perigos para nosso país.
Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, em seu último discurso público na Casa Branca

De um lado, Biden elogiou a liderança tecnológica dos EUA por sua inovação e capacidade de transformar vidas. De outro, expressou preocupação com “uma perigosa concentração de poder nas mãos de poucas pessoas ultra-ricas”.
Biden não cita nomes, claro. Mas seu comentário sobre oligarquia muito provavelmente se refere a, pelo menos, dois bilionários dos EUA: Elon Musk e Mark Zuckerberg. Musk vai liderar um departamento na administração Trump. E a nova postura de Zuckerberg deve aumentar circulação de desinformação e teorias da conspiração nas plataformas da Meta.
- Caso você tenha passado os últimos dias debaixo de uma pedra: Zuckerberg anunciou, na semana passada, que a Meta vai encerrar seu programa de verificação de fatos de terceiros (a princípio, nos EUA) e abrandar regras contra discurso de ódio.
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EUA distópico

Além disso, Biden pintou uma paisagem bem distópica no seu último discurso frente à Casa Branca. “Os americanos estão sendo soterrados por uma avalanche de desinformação e fake news, o que possibilita o abuso de poder.”
A imprensa livre está ruindo. Editores [leia-se: veículos de comunicação] estão desaparecendo. As redes sociais estão desistindo da verificação de fatos. A verdade está sendo abafada por mentiras contadas para poder e para lucro.
Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, em seu último discurso público na Casa Branca
Assista abaixo o trecho do discurso de Biden (em inglês, claro) no qual o presidente faz os alertas mencionados: