A Neuralink, empresa de interface cerebral fundada por Elon Musk, continua a avançar na criação de dispositivos que buscam devolver a liberdade digital a pessoas com deficiência. Em novembro de 2024, o jovem paralisado Noland Arbaugh transmitiu ao vivo uma demonstração impressionante: com um implante cerebral, ele controlou um mouse de computador, jogou xadrez e navegou pela web, mostrando o potencial da tecnologia.
No entanto, ainda estamos longe de um produto comercial, já que as atuais experimentações envolvem um número restrito de pacientes e ajustes técnicos constantes.
O ano de 2025 promete um aumento no número de implantes realizados e avanços no controle da interface. A empresa prevê realizar experimentos com 20 a 30 pacientes, focando em melhorias no software que conecta o cérebro ao dispositivo e em novos modelos de implantes.
Neuralink mira expansão do número de pacientes
A Neuralink tem como objetivo expandir o número de pacientes com implantes ao longo de 2025. Elon Musk tem afirmado publicamente que, caso tudo corra conforme o esperado, centenas de pessoas poderão receber o implante em poucos anos, com possibilidade de alcançar milhões de usuários dentro de uma década.

Contudo, o ritmo de implantação tem sido mais lento do que o previsto, devido à necessidade de realizar testes detalhados e monitorar o funcionamento do dispositivo em um número restrito de pacientes. Até o momento, apenas três pessoas receberam o implante, incluindo Arbaugh e um paciente identificado apenas como “Alex”. Musk revelou recentemente que espera um aumento significativo no número de pacientes ao longo do próximo ano, com a expectativa de realizar entre 20 e 30 implantes adicionais.
Em novembro de 2024, a Neuralink atualizou suas listas de testes, aumentando o número de voluntários aceitos nos Estados Unidos e iniciando também um estudo no Canadá. Com a expansão para outros países, a empresa pode acelerar a inclusão de novos pacientes e avançar nas pesquisas, o que traria um grande avanço no número de experimentos realizados em 2025 e nos anos seguintes.
Melhorias no controle da interface
A qualidade do controle sobre os dispositivos também está em evolução. Durante sua transmissão ao vivo, Arbaugh demonstrou o uso do mouse, mas mencionou que o controle não estava perfeito, devido a problemas no mapeamento dos seus movimentos cerebrais.
Essa técnica de calibração, em que o paciente precisa reconfigurar os parâmetros do sistema com frequência, é uma área de foco da Neuralink, que busca reduzir o tempo necessário para recalibrar a interface. Atualmente, Arbaugh gasta até 45 minutos para completar o processo, mas a empresa está trabalhando para diminuir esse tempo a apenas alguns minutos.
De acordo com Bliss Chapman, líder da equipe de software da Neuralink, o objetivo é aprimorar o sistema a ponto de proporcionar uma experiência mais fluida. A interface deve evoluir para oferecer mais agilidade e precisão no controle, o que representa uma parte importante da pesquisa em andamento.
Avanços no dispositivo e na robótica
Outro ponto crucial para o sucesso da Neuralink é o aprimoramento contínuo do dispositivo de implante. Embora o implante atual já permita realizar movimentos básicos, a empresa está trabalhando para aumentar a quantidade de eletrodos e melhorar a vida útil da bateria, além de ajustar o design do dispositivo para otimizar seu funcionamento a longo prazo. Em 2025, a empresa prevê testar uma versão atualizada do dispositivo, com novos recursos e melhorias tecnológicas.
Além disso, a Neuralink está desenvolvendo um robô cirúrgico (R1) que, de acordo com Musk, poderá realizar os implantes de maneira mais automatizada, com o objetivo de facilitar a implementação do dispositivo em larga escala.
O sistema atual requer a habilidade de neurocirurgiões para inserir os fios de eletrodos no cérebro dos pacientes, mas o robô R1 pode tornar o processo mais rápido e menos dependente de profissionais especializados, permitindo que mais pessoas recebam o implante ao longo do tempo.
Braço robótico e a promessa de uma vida mais independente
Outro avanço importante da Neuralink é o desenvolvimento de braços robóticos assistivos, que podem ser controlados por meio da atividade cerebral. Arbaugh, em sua transmissão, demonstrou a dificuldade de realizar tarefas simples, como colocar um chapéu ou escovar os cabelos, uma limitação que poderia ser superada com o uso de um robô controlado pelo cérebro.
Embora o projeto do braço robótico ainda esteja em estágio inicial, o uso de dispositivos assistivos controlados pela mente representa um grande passo para a autonomia de pessoas com deficiência física. A Neuralink ainda não divulgou detalhes sobre como esse braço funcionaria em um ambiente doméstico, mas a tecnologia já mostrou que é possível controlar robôs de forma precisa, como demonstrado em estudos anteriores.
A calibração e o controle desses aparelhos também exigem melhorias, já que a precisão necessária para realizar movimentos delicados e controlar objetos em 3D ainda apresenta desafios técnicos a serem superados.
O implante para restaurar a visão
A Neuralink também anunciou recentemente que obteve a designação de dispositivo inovador da FDA para um implante destinado a restaurar a visão de pessoas cegas. O sistema, chamado Blindsight, envia impulsos elétricos diretamente para o córtex visual do cérebro, criando pontos de luz chamados fótons, que podem ser organizados em formas simples de visão.

Embora o dispositivo tenha mostrado resultados promissores em estudos acadêmicos anteriores, ainda não há previsão de quando os testes clínicos começarão. A designação da FDA permite que o processo de aprovação seja acelerado, mas a empresa ainda não confirmou quando as pessoas poderão se beneficiar dessa tecnologia.
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Expectativa por novos investimentos e desafios regulatórios
Apesar dos avanços, a Neuralink também enfrenta desafios significativos, como a pressão de reguladores e organizações de direitos dos animais. Além disso, a empresa já recebeu críticas sobre a rapidez com que testou o implante em seres humanos.
Em 2025, espera-se que Elon Musk continue usando sua plataforma X (anteriormente Twitter) para pressionar reguladores e influenciar decisões relacionadas ao progresso da Neuralink. Musk, conhecido por suas declarações controversas, tem se mostrado um defensor fervoroso da aceleração de processos regulatórios para a implantação de tecnologias disruptivas, como a interface cerebral.
A Neuralink não está sozinha nesse campo, já que outras empresas também estão investindo em interfaces cérebro-computador, como a Synchron, que utiliza um método menos invasivo, e a Paradromics, entre outras.