O que esperar da energia nuclear em 2025

Fonte sempre existiu, mas ganhou destaque diante da necessidade de geração de energia para IA e data centers
Vitoria Lopes Gomez17/01/2025 16h00
energia nuclear
Imagem: Denton Rumsey/Shutterstock
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A energia nuclear não é novidade, mas ganhou ainda mais destaque diante da necessidade de aumentar a produção de energia – seja para abastecer veículos elétricos ou os data centers que alimentam as IAs. 2025 pode ser um ano marcante para essa fonte, já que novos reatores e usinas nucleares devem começar a sair do papel.

Além disso, diante das mudanças climáticas e da necessidade de diminuir as emissões, a energia nuclear pode ser uma forma mais limpa e estável de geração.

Energia nuclear ganhou destaque diante da necessidade de aumento na produção de energia (Imagem: Christian Schwier/Shutterstock)

Progresso da energia nuclear é diferente ao redor do mundo

Como lembrou o MIT Technology Review, os últimos dois anos foram marcados por compromissos globais no setor da energia nucelar. Na Organização das Nações Unidas (ONU), 31 países se comprometeram a triplicar a capacidade de produção até 2050. No entanto, os países não estão nivelados entre si.

Por enquanto, os Estados Unidos são donos do maior número de reatores nucleares em atividade no mundo. Porém, o país estagnou. A usina nuclear mais recente inaugurada no país é a Vogtle, no estado de Geórgia, que começou a operar no ano passado. Agora, não há grandes reatores em construção ou aprovação.

Outra questão é o governo Trump, que começará na segunda-feira (20). O site pontuou que é provável que a gestão apoie a energia nuclear. No entanto, para Jessica Lovering, cofundadora do Good Energy Collective, uma organização de pesquisa de políticas que defende o uso da energia nuclear, é possível que novas tarifas sejam implementadas e acabem aumentando o custo de materiais para a construção das instalações.

Além dos EUA, a Ásia é destaque na construção de reatores, com quatro grandes instalações especuladas para começarem a operar este ano. Bangladesh e Turquia também devem começar a planejar seus primeiros reatores este ano. O Egito já tem uma usina nuclear, mas não espera colocá-la em uso por alguns anos.

Uma das expectativas é que reatores nucleares avançados possam abastecer IA (Imagem: Vitória Gomez (gerada via IA)/Olhar Digital)

Combustível da energia nuclear também está passando por mudanças

Com o destaque para a energia nuclear, os reatores comerciais operantes e em construção estão buscando combustíveis que sejam eficientes e seguros (ou os dois ao mesmo tempo).

Os mais antigos costumam usar urânio pouco enriquecido e água (para controle da temperatura interna). Já os reatores mais novos e avançados estão apostando em sal fundido e um metal (como chumbo) para refrigeração, ou em uma versão de urânio mais enriquecida. É comum que algumas instalações experimentem uma mistura de ambos.

De acordo com o site, os próximos anos serão cruciais para determinar o que funciona no setor de energia nuclear em termos de combustível, o que ajudará a avançar na construção de novos reatores.

Ainda, a maioria das instalações avançadas estão nos EUA, mas a China está avançando nesse setor. O primeiro reator comercial de demonstração entrou em operação no país no final de 2023.

Reator de energia nuclear
Dispositivos mais avançados em eficiência e segurança devem começar a sair do papel (Foto: Fineart1/Shutterstock)

Reatores nucleares antigos podem continuar funcionando

  • Por se tratar de uma fonte de geração de energia antiga, outros países, como França e Espanha, já contam com usinas nucleares. No entanto, esses equipamentos têm licenças de funcionamento limitadas, geralmente em torno de 40 anos;
  • Uma expectativa para os próximos anos é que esses países concedam licenças estendendo o tempo de operação dos reatores além de sua vida útil inicial;
  • Nos Estados Unidos, isso já está acontecendo, com licenças de cerca de 20 anos, fazendo com que os reatores cheguem a 80 anos de uso;
  • O MIT também pontuou o interesse norte-americano em reabrir usinas fechadas, algo que ainda está em discussão.
Logos de big techs
Big techs têm interesse nas instalções nucleares (Imagem: Ascannio/Shutterstock)

Energia nuclear por ser impulsionada pela IA

As big techs também têm interesse no avanço da energia nuclear. Isso porque a IA (principal foco das empresas atualmente) depende do funcionamento dos data centers, que dependem de enormes quantidades de energia para operar. E não são poucas as previsões alertando para a escassez de energia e aumento dos preços.

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Nesse cenário, as companhias encontraram na energia nuclear uma forma de suprir suas demandas:

  • A Microsoft, por exemplo, influenciou na decisão de reabertura do reator Three Mile Island. A companhia assinou um acordo em 2024 dizendo que compraria energia da instalação caso ela fosse reaberta;
  • Já o Google assinou um acordo com a Kairos Power em outubro de 2024 para impulsionar a empresa a gerar até 500 megawatts de energia em 2035. E claro, o Google compraria essa energia;
  • A Amazon foi além. Ao invés de concordar em comprar o produto final (a energia), a empresa investiu diretamente na X-energy, que constrói pequenos reatores modulares.

Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.