O que o Duolingo tem a ver com a guerra entre EUA e TikTok

Aplicativo de aprendizado de idiomas registrou um salto de 216% no número de usuários americanos que querem aprender o mandarim.
Por Bob Furuya, editado por Bruno Capozzi 17/01/2025 06h32
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(Imagem: Muhammad Alimaki/Shutterstock)
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A poucos dias do banimento oficial do TikTok dos Estados Unidos, os cerca de 170 milhões de americanos que usam a rede social chinesa avaliam os próximos passos dessa história.

Muitos resolveram aguardar apenas. Acreditam que o próximo presidente, Donald Trump, consiga resolver o caso nos bastidores.

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A proibição começa a valer no próximo domingo, dia 19 de janeiro. Como já mostramos aqui no Olhar Digital, o app deve mesmo sair do ar, uma vez que a Suprema Corte do país não deve se intrometer na decisão do Congresso.

Trump toma posse um dia depois, na segunda-feira (20). E o republicano já disse anteriormente que pretende buscar um acordo pela manutenção e continuidade do app de vídeos. Isso, no entanto, pode demorar um pouco.

Diante dessas duas possibilidades (o banimento ou o retorno tardio do TikTok), vem ganhando força entre os americanos uma terceira opção: a busca por uma rede social alternativa. E quem evidenciou esse movimento foi o Duolingo.

O que o Duolingo tem a ver com o caso

  • O aplicativo de aprendizado de idiomas publicou a seguinte mensagem no X, no início desta semana:
  • Foi uma brincadeira após o Duolingo identificar um crescimento expressivo de 216% de alunos americanos querendo aprender mandarim, a língua oficial da China.
  • Esse recorte foi feito na comparação entre janeiro deste ano e janeiro do ano passado.
  • A alta coincidiu com um número absurdo de downloads do app RedNote, uma outra rede social chinesa muito semelhante ao TikTok.
  • Seu nome original é Xiaohongshu, e ela também oferece espaço para postagens de vídeos.
  • Acontece que o RedNote foi feito apenas para o público chinês, ou seja, não existe uma versão traduzida.
  • E é aí que entra o Duolingo.
  • Milhares de americanos estão aproveitando o app (que é gratuito) para aprender o mandarim e conseguir usar o Xiaohongshu.
  • Há uma semana, o Duolingo estava na posição de número 40 nos Top Apps (menos jogos) e no Top Overall (incluindo jogos).
  • No momento, está em 22º lugar no Top Overall e em 20º lugar no Top Apps.
Ao fundo, rosto de onald Trump desfocado; à frente, logo do TikTok em um smartphone
Futuro presidente dos EUA está tentando evitar banimento da rede social chinesa – Imagem: miss.cabul/Shutterstock

Por que o TikTok será banido?

Porque autoridades americanas entendem que a rede social oferece risco à segurança nacional. Desconfiam das relações do TikTok com o governo chinês e argumentam que a plataforma estaria colhendo dados sensíveis dos usuários.

Com isso em mente, o Congresso dos EUA aprovou em abril de 2024 uma lei que obriga a ByteDance, dona do TikTok, a vender seus ativos no país até 19 de janeiro de 2025. Caso contrário deve enfrentar uma proibição nacional.

A legislação determina a proibição de novos downloads a partir de domingo. As pessoas que já possuem o app no país, portanto, poderiam continuar usando por mais algum tempo.

O TikTok, porém, planeja ser mais radical, derrubando o servidor em todo território americano. A ByteDance não se manifestou oficialmente nos últimos dias, mas os executivos estão revoltados com a decisão. Afirmam que a lei viola trechos da Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que fala sobre a liberdade de expressão.

Agora é esperar o próximo domingo para ver o que vai acontecer. Meu palpite é que essa guerra cultural ainda está longe de acabar.

As informações são do TechCrunch.

Bob Furuya
Colaboração para o Olhar Digital

Roberto (Bob) Furuya é formado em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua na área desde 2010. Passou pelas redações da Jovem Pan e da BandNews FM.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.