Fusão de Gol e Azul vai encarecer passagem aérea? Ministro diz que não

Temor é que união de duas gigantes resulte em concentração do mercado e no consequente controle dos preços; ações da Azul disparam.
Bob Furuya17/01/2025 15h58
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Imagem: divulgação/Azul e Matheus Obst/Shutterstock
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A notícia da possível fusão das empresas aéreas Gol e Azul animou agentes do mercado, mas, ao mesmo tempo, ligou o sinal de alerta do consumidor. O temor das pessoas é que a união acabe resultando num aumento do preço das passagens aéreas (que já estão caríssimas, aliás).

Caso o acordo seja aprovado, as duas empresas terão mais de 60% dos voos e dos passageiros nacionais. O domínio de um setor pode trazer alguns pontos negativos, como o sufocamento da concorrência (a Latam, no caso) e o controle dos valores cobrados. Mas será que isso vai acontecer? Para o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, a resposta é não.

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Em conversa com jornalistas, Costa Filho afirmou nesta quinta-feira (16) que a fusão da Gol com a Azul não terá impacto no preço das passagens e será positiva para o Brasil.

Segundo ele, as duas companhias já controlam o mercado e o pior cenário seria se elas quebrassem:

“Hoje elas já controlam. O Brasil tem uma dificuldade que também acontece no mundo. É o exemplo da TAP em Portugal, que domina quase 100% do mercado. Hoje está tendo uma fusão no mundo de grandes companhias aéreas”, disse o ministro.

“Vai fortalecer a aviação. Não vejo risco de aumento de preços de passagens. Até porque tem o Cade e a Anac para fazer o papel de fiscalização. O que estamos observando é que essas duas companhias estão tentando se fortalecer para ajudar mais o Brasil”, concluiu Costa Filho.

O ministro defendeu a fusão – Imagem: Reprodução/Agência Brasil

Ações da Azul em alta

  • As ações da Azul registraram alta ontem após a divulgação da notícia.
  • Na máxima, os papéis da Azul chegaram a R$ 4,95, elevando o valor de mercado da companhia aérea a R$ 1,55 bilhão, o maior desde dezembro do ano passado.
  • Vale destacar que uma união entre duas gigantes nunca acontece de forma instantânea.
  • Para isso se concretizar é necessária a aprovação dos órgãos de controle.
  • O principal deles é o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
  • Por enquanto, as empresas fizeram apenas um pré-notificação ao órgão regulador, mas ainda não apresentaram os principais números do caso.
  • Segundo o ministro Silvio Costa Filho, uma reunião de autoridades com porta-vozes da Azul e da Gol está prevista para daqui a alguns dias – e servirá para esclarecer os termos da fusão.
  • Um dos pré-requisitos para o negócio acontecer é que a Gol conclua o seu processo de recuperação judicial nos EUA.
  • Além disso, o Cade e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) devem impor algumas restrições para preservar a concorrência.
A Gol passa por um processo de recuperação judicial nos EUA – Imagem: Miguel Lagoa/Shutterstock

Mais sobre a fusão

A informação de bastidores é que a Gol corre o risco de quebrar sem a fusão. E quebrar foi justamente um dos verbos utilizados pelo ministro de Portos e Aeroportos.

As empresas aéreas argumentam que a situação financeira do setor é bastante delicada, principalmente por causa do aumento do preço do querosene de aviação. Além disso, as companhias afirmam que não conseguiram recuperar os níveis de demanda pré-pandemia.

Em comunicado divulgado na última quarta-feira (15), as gigantes informaram que o acordo é apenas uma “fase inicial de um processo de negociação entre a Abra e a Azul para explorar a viabilidade de uma possível transação”.

Caso essa transação se concretize, o acordo prevê que as duas empresas deverão manter suas marcas e certificados operacionais de forma independente. Ou seja, as marcas Azul e Gol continuariam existindo.

As informações são da Agência Brasil.

Bob Furuya
Colaboração para o Olhar Digital

Roberto (Bob) Furuya é formado em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua na área desde 2010. Passou pelas redações da Jovem Pan e da BandNews FM.