Inteligência abundante: programa quer trazer cultura indígena para IAs

Iniciativa busca integrar perspectivas indígenas para criar uma inteligência artificial mais inclusiva e orientada para o desenvolvimento humano
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Bruno Capozzi 17/01/2025 07h04
cultura indígena
Imagem: Brastock/Shutterstock
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Pesquisadores da Universidade de Concordia estão desafiando a direção atual da inteligência artificial (IA), argumentando que ela é tendenciosa contra modos não-ocidentais de pensar, especialmente os provenientes de culturas indígenas.

Como parte de um esforço para descolonizar a IA, eles lançaram o programa de pesquisa “Abundant Intelligences” (inteligências abundantes), um projeto internacional e interdisciplinar que visa repensar o conceito de inteligência ao integrar sistemas de conhecimento indígenas.

O conceito completo é descrito em um artigo recente publicado no jornal AI & Society.

Descolonizando a IA

  • A ideia central é criar uma definição mais inclusiva e diversificada de inteligência, incorporando-a em tecnologias atuais e futuras.
  • O programa busca desconstruir a mentalidade de escassez que molda a IA convencional, que, segundo os pesquisadores, contribui para a exploração de recursos e o apagamento de culturas indígenas.
  • Em vez disso, propõem uma IA voltada para o desenvolvimento humano, que apoie línguas indígenas, questões ambientais e soluções de saúde pública.
Pesquisadores lançaram o programa por acreditarem que as IAs atuais têm uma mentalidade que contribui para o apagamento de culturas indígenas – Imagem: Paulo Jr/Shutterstock

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O projeto é conduzido pela Concordia em Montreal, com parcerias e grupos de pesquisa (chamados “pods”) localizados no Canadá, Estados Unidos e Nova Zelândia.

Estes grupos, compostos por especialistas indígenas e acadêmicos, visam desenvolver práticas computacionais que respeitem e integrem a perspectiva indígena.

A iniciativa também busca colaborar com profissionais da indústria para explorar novas abordagens de pesquisa, como trabalhar com línguas indígenas, cujos dados são escassos em comparação com os utilizados pela indústria convencional.

Essa abordagem descolonial oferece uma alternativa à IA tradicional, propondo novos caminhos para a pesquisa e desafiando a ideia de que há apenas uma maneira certa de desenvolver tecnologias.

inteligencia artificial
Abordagem focada em saberes indígenas para treinar IA conta com participação de vários especialistas no assunto – Imagem: Anggalih Prasetya/Shutterstock
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.