Incêndio na maior planta de baterias do mundo impacta energia limpa

Incêndio em maior planta de baterias do mundo destrói 300 MW, evacua 1.500 pessoas e ameaça avanço da energia limpa na Califórnia
Ana Luiza Figueiredo20/01/2025 15h27, atualizada em 21/01/2025 10h08
moss landing
(Imagem: LG Energy Solution)
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No dia 16 de janeiro, um incêndio atingiu a maior planta de armazenamento de baterias do mundo, localizada em Moss Landing, na Califórnia, destruindo 300 megawatts de capacidade de armazenamento de energia. O incêndio obrigou a evacuação de 1.500 moradores da região e gerou grandes nuvens de fumaça, que podem representar riscos à saúde humana e à fauna local.

Esse incidente representou uma perda significativa para o estado, já que a Califórnia depende de sistemas de armazenamento de energia como parte de sua transição para fontes renováveis, diminuindo a utilização de combustíveis fósseis.

O fogo destruiu um dos prédios do complexo de armazenamento de baterias de lítio da Moss Landing Energy Storage Facility, localizada no condado de Monterey. Outros edifícios, incluindo mais instalações de armazenamento de baterias e uma planta de gás natural, não foram afetados. Apesar de a situação ter sido quase controlada, com flamas e fumaça mínimas, o incêndio recomeçou à tarde.

Segundo a CBS News, as autoridades permitiram que o fogo terminasse a queimar naturalmente.

Falhas no sistema de supressão de incêndio e consequências ambientais

Segundo Glenn Church, membro do conselho de supervisores do condado de Monterey, o incidente é um alerta para o setor de energia sustentável. “Se queremos avançar com energia sustentável, precisamos de um sistema de baterias seguro”, afirmou durante a coletiva de imprensa.

A situação é agravada pelo fato de que os incêndios de lítio queimam a temperaturas extremamente altas e liberam substâncias tóxicas como fluoreto de hidrogênio, o que impediu os bombeiros de combaterem o fogo diretamente.

Incêndios de lítio queimam a temperaturas extremamente altas e liberam substâncias tóxicas (Imagem: LG Energy Solution)

Felizmente, não foram registrados feridos, e os sistemas de monitoramento de ar não detectaram sinais de fluoreto de hidrogênio, mas as nuvens de fumaça provavelmente continham metais pesados e substâncias químicas PFAS, conhecidas como “químicos eternos”.

As autoridades locais recomendaram que os residentes do condado de Monterey permanecessem dentro de casa e mantivessem portas e janelas fechadas. A exposição à inalação de metais pesados e PFAS pode representar riscos à saúde para moradores e trabalhadores rurais, além de afetar a vida selvagem, como as lontras marinhas que habitam a região de Elkhorn Slough, próximo ao local.

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A instalação afetada faz parte do complexo de armazenamento da Vistra Energy, uma empresa com sede no Texas. O sistema de supressão de incêndio da planta, baseado em água, falhou de forma inesperada, e a causa do incêndio ainda está sendo investigada. A Vistra Energy já enfrentou incidentes menores em suas instalações, envolvendo aquecimento excessivo de baterias e falhas no sistema de supressão de incêndio.

Apesar disso, a indústria global de armazenamento de baterias para redes elétricas teve uma queda de 97% nos incêndios entre 2018 e 2023, conforme um relatório do Electric Power Research Institute, uma organização sem fins lucrativos de Washington DC.

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A instalação afetada pelo incêndio faz parte do complexo de armazenamento da Vistra Energy (Imagem: Casimiro PT / Shutterstock.com)

Embora o incidente tenha sido grave, a Califórnia é mais bem preparada do que a maioria dos outros estados dos EUA para responder a emergências como essa, devido a uma lei estadual que exige planos de resposta a emergências desenvolvidos em conjunto com os desenvolvedores de baterias.

No entanto, a perda de 300 megawatts de capacidade de armazenamento comprometerá não apenas a Vistra Energy, mas também a capacidade total de 13.300 megawatts de armazenamento de energia da Califórnia. A Moss Landing já desempenha um papel fundamental no fornecimento de energia renovável para o estado, reduzindo a dependência de plantas de gás natural.

No entanto, a reconstrução e a reposição dessa capacidade de armazenamento podem levar anos, complicando ainda mais a situação, considerando que a Califórnia já enfrenta um grande esforço de reconstrução devido aos incêndios florestais em Los Angeles. Como afirma Dustin Mulvaney, da Universidade Estadual de San José, “não podemos ter incêndios de baterias como esse, não podemos perder 300 megawatts de baterias da noite para o dia”.

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.