O TikTok, plataforma de vídeos curtos que conquistou milhões de usuários nos Estados Unidos e no mundo, enfrentou recentemente uma série de eventos que ameaçaram sua permanência no país. Após uma breve interrupção devido a uma proibição federal, o aplicativo voltou a operar, gerando alívio e, ao mesmo tempo, confusão entre os usuários.
Mas como essa reviravolta aconteceu? Quais foram os fatores que levaram à proibição? E o que o futuro reserva para o TikTok nos EUA?
A tumultuada trajetória do TikTok nos EUA
A trajetória do TikTok nos Estados Unidos tem sido marcada por controvérsias e incertezas. As preocupações com a segurança nacional e a privacidade dos dados dos usuários, em relação aos laços da empresa com a China, levaram a uma série de ações governamentais que culminaram na proibição do aplicativo.
- Em fevereiro de 2023, o governo americano ordena a remoção do TikTok de dispositivos governamentais;
- Em março de 2024, o Congresso americano aprova a Lei de Proteção dos Americanos contra Aplicativos Controlados por Adversários Estrangeiros (PAFACA);
- A ByteDance, empresa controladora do TikTok, é obrigada a vender o aplicativo para uma entidade americana ou enfrentar uma proibição total;
- Em abril de 2024, o presidente Joe Biden sanciona a PAFACA. É estabelecido um prazo final de 19 de janeiro de 2025 para o cumprimento da lei;
- Em 17 de janeiro de 2025, a Suprema Corte dos EUA mantém a lei e a proibição do TikTok se torna iminente;
- Em 18 de janeiro de 2025, o TikTok suspende seus serviços nos EUA;
- Em 19 de janeiro de 2025, Donald Trump anuncia que suspenderá a proibição do TikTok por meio de uma ordem executiva;
- A proibição é temporariamente suspensa, e o TikTok volta a funcionar no país.

Segurança Nacional em Jogo?
A principal razão para a ameaça de banimento do TikTok nos EUA reside nas preocupações com a segurança nacional. O governo americano, juntamente com legisladores e figuras como o diretor do FBI, Christopher Wray, teme que o aplicativo, por ser de propriedade da empresa chinesa ByteDance, possa ser usado pelo governo chinês. As preocupações se concentram em duas frentes principais:
- Acesso a dados: Existe o temor de que o governo chinês acesse os dados de milhões de usuários americanos por meio do TikTok, utilizando-os para espionagem, vigilância ou outros fins que comprometam a segurança nacional.
- Manipulação do algoritmo: O governo americano também se preocupa com a possibilidade de o governo chinês manipular o algoritmo do TikTok para influenciar o conteúdo que os usuários americanos visualizam, promovendo propaganda, desinformação ou censurando informações.

O CEO do TikTok, Shou Zi Chew, já negou qualquer envolvimento do governo chinês nas operações do aplicativo e garantiu que a empresa prioriza a segurança e privacidade dos dados dos usuários. No entanto, essas alegações não foram suficientes para resolver as preocupações do governo americano.
Trump entra em cena
Em uma reviravolta inesperada, o presidente eleito Donald Trump anunciou que suspenderia a proibição do TikTok por meio de uma ordem executiva. A promessa, feita em sua plataforma Truth Social, visa dar à ByteDance mais tempo para encontrar uma empresa americana para compartilhar a propriedade do TikTok.
A intervenção de Trump gerou reações mistas. Enquanto alguns comemoraram a decisão, outros, incluindo legisladores republicanos como os senadores Tom Cotton e Pete Ricketts, criticaram a medida, argumentando que não havia base legal para a suspensão da proibição — e que as empresas que cooperassem com o TikTok podiam sofrer consequências.

Futuro do TikTok nos EUA ainda é incerto
Apesar da suspensão temporária da proibição, o futuro do TikTok nos EUA permanece incerto. A ordem executiva de Trump é apenas uma solução paliativa, e a ByteDance ainda precisa encontrar uma empresa americana para compartilhar a propriedade do aplicativo e atender às exigências do governo.
A Electronic Frontier Foundation (EFF), organização que defende os direitos digitais, criticou a decisão da Suprema Corte de manter a proibição do TikTok, argumentando que a medida viola a liberdade de expressão e que a preocupação com a privacidade dos dados dos usuários deveria ser resolvida com uma legislação abrangente sobre o tema, e não com a proibição de um aplicativo específico.
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A pressão do governo americano e de alguns legisladores para banir o aplicativo continua forte, e a necessidade de encontrar um comprador americano coloca o TikTok em uma posição vulnerável. A incerteza sobre o futuro do aplicativo impacta não apenas a empresa, mas também os milhões de usuários e criadores de conteúdo que dependem da plataforma para entretenimento, comunicação e geração de renda.