El Niño aumenta risco de incêndios na Amazônia, revela estudo

Os pesquisadores descobriram que os maiores incêndios na Amazônia ocorreram em regiões que enfrentaram seca extrema durante o El Niño
Alessandro Di Lorenzo21/01/2025 11h51, atualizada em 22/01/2025 20h59
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Pesquisadores identificaram mais um efeito causado pelo El Niño, desta vez na Amazônia. O fenômeno climático é caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico Equatorial e é capaz de alterar os padrões de circulação atmosférica, afetando o clima em todo o planeta.

Agora, no entanto, os cientistas descobriram que ele também aumenta os riscos de incêndios em regiões onde o armazenamento de água subterrânea está comprometido. Usando imagens de satélite e dados de queimadas, a equipe ainda conseguiu desenvolver uma ferramenta que poderá ser utilizada para auxiliar em ações preventivas contra as chamas no futuro.

Queimadas na Amazônia coincidiram com atuação do El Niño

Os resultados do estudo, com base em informações de 2004 a 2016, revelam uma diminuição nas condições de umidade em três níveis: do solo superficial (sfsm), da zona das raízes das árvores (rtzsm) e das águas subterrâneas (gws), sendo este último o que apresenta maior severidade de aridez. Os pesquisadores explicam que esses “reservatórios” demoram mais para se recuperar quando afetados por secas consecutivas e extremas decorrentes do El Niño.

Ainda segundo eles, nas últimas décadas, incêndios florestais provocados pelo homem alteraram significativamente a dinâmica da vegetação na região amazônica. Essas atividades humanas são consideradas “ignições” para o fogo na floresta tropical, sendo que a escalada das queimadas está ligada às condições climáticas.

Seca
El Niño agrava períodos de seca no Brasil (Imagem: Khenyothaa/Shutterstock)

Usando informações de satélite da missão GRACE, que permite detectar o armazenamento de água terrestre integrando umidade do solo, água superficial e a subterrânea, a equipe conseguiu identificar áreas com menor concentração de umidade no nordeste da bacia amazônica, além de uma diminuição da umidade em direção ao leste.

As maiores áreas queimadas coincidiram com regiões que enfrentaram seca durante eventos extremos do El Niño, com um aumento entre 2015 e 2016. À época, o fenômeno foi considerado um dos três mais intensos já registrados na história.

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Estudo identificou mais um efeito do fenômeno climático na Amazônia (Imagem: Nelson Antoine/Shutterstock)

Descobertas podem ajudar a criar ações de prevenção de incêndios

  • Com as descobertas, os cientistas desenvolveram um índice de risco de incêndios adaptado à região amazônica, incluindo indicadores meteorológicos (ligados às chuvas) e hidrológicos (água no solo, rios, aquíferos e outras reservas).
  • Eles acreditam que os resultados podem contribuir com estratégias destinadas a mitigar o risco de queimadas e ações de prevenção.
  • A expectativa é no futuro acrescentar dados coletados em campo para que o sistema sirva como um alerta quando as águas subterrâneas ficarem em níveis baixos.
  • Segundo os pesquisadores, o modelo pode ser aplicado também em outros ecossistemas.
  • As conclusões foram descritas em estudo publicado na revista Science of the Total Environment.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.