Meta recua e mantém verificação de fatos fora dos EUA

Mudança gerou críticas e preocupações sobre o potencial aumento da desinformação nas plataformas da empresa
Gabriel Sérvio21/01/2025 12h07, atualizada em 21/01/2025 21h10
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A Meta confirmou que, por ora, manterá seu programa de verificação de fatos em operação fora dos Estados Unidos. A decisão vem após a empresa anunciar, no início deste mês, a substituição do sistema por “notas da comunidade” no país, semelhante ao modelo adotado por Elon Musk no X (antigo Twitter).

A mudança gerou críticas e preocupações sobre o potencial aumento da desinformação nas plataformas da Meta, especialmente em países com legislações mais rigorosas quanto à disseminação de conteúdo falso, como os membros da União Europeia.

Em entrevista à Bloomberg durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, Nicola Mendelsohn, chefe de negócios globais da Meta, afirmou que a empresa está “monitorando os efeitos da mudança nos EUA antes de tomar decisões sobre a implementação em outras regiões”.

Mendelsohn ressaltou que a Meta continuará trabalhando com verificadores de fatos em todo o mundo, enquanto avalia os resultados do novo sistema nos Estados Unidos: “Veremos como isso vai conforme formos avançando ao longo do ano”, disse a executiva. “Então, nada está mudando no resto do mundo no momento.”

Meta
A Meta implementou o programa de verificação de fatos em 2016, após críticas sobre a proliferação de notícias falsas e desinformação em suas plataformas durante as eleições presidenciais americanas.(Imagem: Tada Images/Shutterstock)

Pressão contra a desinformação

A decisão da Meta de manter o programa de verificação de fatos fora dos EUA pode ser interpretada como uma resposta às pressões regulatórias e à crescente preocupação com a desinformação em diferentes partes do mundo.

A União Europeia, por exemplo, implementou recentemente a Lei de Serviços Digitais (DSA), que exige que as plataformas online tomem medidas para combater a disseminação de conteúdo ilegal e prejudicial.

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Brasil também demonstrou preocupação com as mudanças na Meta

A Advocacia-Geral da União (AGU) também entrou em contato com a empresa para questionar a decisão e pedir esclarecimentos sobre a nova política. A principal preocupação do governo brasileiro é que a remoção dos verificadores de fatos independentes aumente a disseminação de desinformação e notícias falsas nas plataformas da Meta, especialmente em períodos eleitorais.

A Meta respondeu à AGU garantindo que, por enquanto, a mudança se aplica apenas aos Estados Unidos e que o programa de verificação de fatos continuará em operação em outros países, incluindo o Brasil.

À esquerda, logo da Meta exibido em um smartphone; à direita e desfocado, logo da meta em uma parede azul e, logo abaixo, Mark Zuckerberg discursando
Programa conta com a colaboração de organizações independentes de checagem de fatos em todo o mundo, que avaliam a veracidade de informações compartilhadas no Facebook e Instagram. (Imagem: DANIEL CONSTANTE/Shutterstock)

A empresa ainda não divulgou detalhes sobre como o novo sistema de “notas da comunidade” será implementado em outros países, nem quando a mudança poderá ocorrer.

Gabriel Sérvio é formado em Comunicação Social pelo Centro Universitário Geraldo Di Biase e faz parte da redação do Olhar Digital desde 2020.