Chineses entram na mira da Anfavea por suspeita de dumping

Prática de venda de produtos a preços abaixo do custo de produção é condenada pela Organização Mundial do Comércio
Por Bruna Barone, editado por Ana Luiza Figueiredo 28/01/2025 14h32, atualizada em 28/01/2025 21h21
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A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) vai enviar um pedido de averiguação de prática de dumping contra montadoras chinesas que atuam no Brasil ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). A informação é do Estadão.

Dumping é o nome dado à comercialização de produtos a preços abaixo do custo de produção, prejudicando a livre concorrência. A prática é condenada pela Organização Mundial do Comércio e, no Brasil, a investigação cabe ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Ao jornal, a Anfavea informou que acompanha com preocupação o aumento das importações de veículos da China. Passou de 12% em 2023 para 26% no ano passado, o que a entidade define como um “excesso” que coloca em risco a produção local.

Imagem de uma loja da BYD
BYD nega prática de dumping no Brasil (Imagem: Karolis Kavolelis/Shutterstock)

“A Anfavea defende a livre concorrência e a prevenção de práticas que prejudiquem o mercado automotivo brasileiro, zelando pelos clientes, empregados, concessionários, fabricantes e indústria de autopeças”, disse o presidente da Anfavea, Marcio de Lima Leite.

O alerta da entidade acendeu após a importação de 100 mil veículos chineses em julho do ano passado, às vésperas da alta na alíquota do Imposto de Importação (II), segundo apurou o Estadão. A Anfavea diz que 50 mil unidades ainda estão estocadas em áreas portuárias, sendo a maioria da BYD.

A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) também acompanha o caso. O presidente da entidade, Ricardo Bastos, disse à reportagem que não vê “qualquer distorção nas relações entre Brasil e China, que são grandes parceiros comerciais, mas, caso o pedido envolva os veículos eletrificados, vamos contribuir com o processo.”

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Fábrica da GWM em Iracemápolis (Imagem: GWMBrasil/Divulgação)

O que dizem as montadoras chinesas?

A BYD e a GWM são os principais alvos da solicitação feita pela Anfavea, que representa 25 montadoras do setor. As duas empresas foram responsáveis pela venda de 60% de todos os veículos elétricos importados em 2024.

A BYD negou à reportagem do Estadão qualquer prática de dumping e reafirmou o compromisso de desenvolver a economia nacional a partir da fábrica de Camaçari, na Bahia, que será o maior complexo industrial da companhia fora da China.

“Estamos comprometidos com o desenvolvimento da indústria automotiva brasileira que, por décadas, foi deixado em segundo plano pelas montadoras tradicionais que agora tentam de todas as formas utilizar artimanhas para esconder a falta de competitividade”, diz a nota.

Já a GWM informou ao jornal que “age seguindo as regras internacionais e a legislação brasileira para comércio exterior”, e vê a ação da Anfavea com “tranquilidade”.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.