Produtos químicos eternos na água aumentam risco de câncer 

Incidência de leucemia foi maior entre homens que vivem em regiões contaminadas, enquanto câncer na tireoide afetou mais as mulheres
Por Bruna Barone, editado por Lucas Soares 28/01/2025 06h00
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Pesquisadores analisaram dois tipos de PFA na água potável (Imagem: SRT101/iStock)
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Um estudo inédito mostrou que a presença dos chamados produtos químicos eternos na água potável aumenta em 33% a incidência de certos tipos de câncer. A pesquisa foi realizada pela Faculdade de Medicina Keck da Universidade do Sul da Califórnia (USC).

Os cientistas identificaram as substâncias perfluoroalquiladas e polifluoroalquiladas (PFAS) em 45% das fontes de água potável nos Estados Unidos. São produtos químicos comumente usados ​​em itens de consumo, como móveis e embalagens de alimentos.

Pesquisas anteriores já tinham demonstrado como os PFAS estão ligados a uma série de problemas de saúde por serem lentos para se decompor, se acumulando no corpo ao longo do tempo.

45% das fontes de água potável nos EUA estão contaminadas (Imagem: zimmytws/iStock)

No novo estudo, os pesquisadores buscaram apresentar um quadro mais abrangente da relação dos PFAS com câncer usando conjuntos de dados em nível populacional para identificar padrões de exposição e risco associado.

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O que foi descoberto sobre químicos na água e o câncer?

No geral, estima-se que os produtos químicos eternos na água potável contribuam para mais de 6.800 casos de câncer a cada ano nos Estados Unidos, com base nos dados mais recentes da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA).

Homens em regiões com água potável contaminada tiveram uma incidência maior de leucemia, bem como cânceres do sistema urinário, cérebro e tecidos moles, em comparação com homens que viviam em áreas com água não contaminada. Já as mulheres tiveram uma incidência maior de cânceres na tireoide, boca e garganta, e tecidos moles. 

Risco de leucemia foi maior entre homens que vivem em área contaminadas (Imagem: SeventyFour/iStock)

“Essas descobertas nos permitem tirar uma conclusão inicial sobre a ligação entre certos cânceres raros e PFAS”, disse Shiwen (Sherlock) Li, PhD, pesquisador de pós-doutorado no  Departamento de Ciências da População e Saúde Pública  da Keck School of Medicine e primeiro autor do estudo. “Isso sugere que vale a pena pesquisar cada uma dessas ligações de uma forma mais individualizada e precisa.”

Os pesquisadores avaliam que os resultados aumentam as evidências de que os níveis de PFAS devem ser limitados. “A partir de 2029, a EPA policiará os níveis de seis tipos de PFAS na água potável, mas limites mais rigorosos podem ser necessários para proteger a saúde pública”, disse Li.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.