Árvores estão ‘viajando’ entre a Amazônia e a Mata Atlântica

Segundo um novo estudo, as árvores estariam usando os rios como uma espécie de "rodovia" para percorrerem milhares de quilômetros
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Ana Luiza Figueiredo 30/01/2025 17h45, atualizada em 03/02/2025 21h05
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A Amazônia e a Mata Atlântica são separadas por centenas de quilômetros. Mesmo assim, os dois ecossistemas compartilham muitas espécies de árvores, o que sempre despertou muita curiosidade dos cientistas.

Por anos, a ciência não soube explicar como isso era possível. Agora, no entanto, uma equipe de pesquisadores apresentou uma nova teoria: as árvores estariam usando os rios como uma espécie de “rodovia”.

Mata Atlântica é ‘colonizada’ por árvores da Amazônia

  • Anteriormente, acreditava-se que as árvores preencheram essa lacuna durante alguns períodos do passado, quando a região era muito mais úmida e mais tolerante para o avanço das árvores.
  • Com base em novas pesquisas, entretanto, uma nova hipótese foi apresentada.
  • Segundo ela, as florestas da Mata Atlântica são constantemente colonizadas por árvores da Amazônia.
  • Isso é possível porque as árvores acabam se espalhando em direção aos rios, que transportam as sementes por milhares de quilômetros.
  • De acordo com os pesquisadores, este processo acontece lentamente, ao longo de milhares de anos.
  • As conclusões foram descritas em estudo publicado na revista Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences.
Árvores da Amazônia se espalham em direção aos rios, que transportam as sementes por milhares de quilômetros (Imagem: Nelson Antoine/Shutterstock)

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Eventos de dispersão são lentos e constantes

Durante o estudo, foram analisadas 164 espécies de árvores Ingá, que são comuns nas florestas tropicais da América Latina. O DNA delas foi usado para reconstruir a “árvore genealógica” das plantas, indicando estes padrões de movimentos.

Os pesquisadores identificaram de 16 a 20 casos de espécies migrando da Amazônia para a Mata Atlântica e criando raízes com sucesso em ecossistemas distantes. Esses eventos de dispersão se desdobraram ao longo da linha do tempo evolutiva de Ingá, em vez de serem confinados a eras em que o Brasil estava coberto por florestas úmidas.

Apenas 20% da Mata Atlântica permanece preservado (Imagem: Pedro Carrilho/Shutterstock)

As informações são consideradas valiosas para o desenvolvimento de novas estratégias para preservar as florestas ribeirinhas, que ficam localizadas ao longo dos rios. Estes ecossistemas são fundamentais para os habitats ao longo prazo.

O trabalho também reforça uma situação já conhecida. A Mata Atlântica contém cerca de 3 mil espécies de plantas a mais do que a Amazônia. No entanto, apenas 20% do bioma permanece preservado, o que evidencia a necessidade de proteger as florestas que ainda estão de pé.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.