Amizades improváveis: entenda por que estas aranhas vivem com sapos

Entenda como o mutualismo cria parcerias inusitadas na natureza entre estes sapos e aranhas
Por Edvaldo Barone, editado por Layse Ventura 31/01/2025 03h00
Aranha tarântula e pequeno sapo cinza sobre solo seco e terroso, cercados por galhos e pedras
Reprodução/YouTube/Texas Wes Adams
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

A natureza está repleta de interações surpreendentes, onde é possível que diferentes espécies se beneficiam mutuamente. Entre as relações mais intrigantes, cientistas descobriram um comportamento inusitado envolvendo aranhas e sapos.

Essa cooperação desafia a lógica, já que as aranhas poderiam facilmente predar os sapos. No entanto, estudos mostram que esses pequenos anfíbios desempenham um papel crucial na proteção dos filhotes das aranhas, resultando no processo conhecido como mutualismo.

O que é a relação de mutualismo?

Na biologia, mutualismo é um tipo de interação ecológica em que duas espécies diferentes colaboram para benefício mútuo. Esse fenômeno ocorre em diversos ecossistemas e pode ser essencial para a sobrevivência de algumas espécies.

Casos clássicos de mutualismo incluem pássaros que se alimentam de parasitas na pele de grandes mamíferos, ajudando-os a manter a saúde, ou peixes limpadores que removem resíduos da pele de outras espécies em recifes de corais, prevenindo infecções.

Entre os exemplos mais curiosos de mutualismo, porém, está a relação entre aranhas e pequenos sapos. Esses aracnídeos encontraram um aliado inesperado na proteção de seus ovos contra predadores vorazes, formando uma parceria improvável, mas extremamente eficiente.

Leia mais

Sapo como pet? Comportamento de aranha chama atenção

Engana-se quem acredita que esse é um comportamento recente. Um estudo de 1936, conduzido pelo biólogo William Franklin Blair, descreveu uma relação harmoniosa entre a Gastrophryne olivacea e a aranha Aphonopelma hentzi, que compartilhavam tocas pacificamente. Essa descoberta abriu caminho para pesquisas posteriores sobre interações mutualísticas entre espécies tão distintas.

Mais recentemente, pesquisadores documentaram que algumas espécies de tarântulas, encontradas em regiões tropicais da América do Sul e da Ásia, permitem a presença de pequenos sapos dentro de seus ninhos. A razão para essa tolerância está no fato de que esses anfíbios se alimentam de formigas e outros insetos que poderiam devorar os ovos da aranha, garantindo uma proteção natural para a próxima geração dos aracnídeos.

O que torna essa interação ainda mais surpreendente é que, sob circunstâncias normais, uma aranha de grande porte poderia facilmente predar um pequeno anfíbio. No entanto, observações sugerem que a aranha reconhece quimicamente o sapo como aliado e não o ataca.

O mutualismo é um fenômeno que já foi registrado em diferentes espécies de aracnídeos, como, por exemplo, a tarântula Xenesthis immanis, das florestas úmidas da Colômbia e do Peru, e a aranha Poecilotheria, comum na Índia.

Edvaldo Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Edvaldo Barone é jornalista formado pelo Centro Universitário Anhanguera de São Paulo, tendo se especializado em Jornalismo Cultural pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.