Esta montanha foi reconhecida legalmente como uma pessoa na Nova Zelândia

O Monte Taranaki, localizado no norte do país, agora tem todos os direitos, deveres e responsabilidades de um cidadão da Nova Zelândia
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Ana Luiza Figueiredo 06/02/2025 07h00
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Imagem: Hot Pixels Photography/Shutterstock
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Todas as pessoas têm direitos estabelecidos e garantidos por lei. Na teoria, as regras que fazem parte desta legislação internacional são exclusivas para seres humanos. Mas a justiça da Nova Zelândia parece discordar.

Por lá, uma montanha foi legalmente reconhecida como uma pessoa. O Monte Taranaki, localizado no norte do país, agora tem todos os direitos, poderes, deveres e responsabilidades de um cidadão neozelandês e foi rebatizado de Taranaki Maunga, seu nome maori.

Montanha é considerada um ancestral maori

  • A mudança de entendimento faz parte de um acordo entre o governo da Nova Zelândia e as tribos indígenas Maori, que consideram a montanha de 2.518 metros de altitude um ancestral.
  • Segundo a justiça, a personalidade jurídica da montanha tem um nome, Te Kahui Tupua, que a lei vê como “um todo vivo e indivisível”.
  • Isso inclui Taranaki e seus picos e terras circundantes, “incorporando todos os seus elementos físicos e metafísicos”.
  • Quatro membros do iwi maori local, ou tribos, e outros quatro nomeados pelo ministro da conservação do país, formarão uma nova entidade que atua como “o rosto e a voz” da montanha, segundo a lei.
  • O Monte Taranaki se junta a Te Urewera, uma vasta floresta nativa na Ilha Norte, e ao rio Whanganui, que também foram reconhecidos como pessoas pela lei do país.
Montanha tem 2.518 metros de altitude e é um dos pontos mais altos do país (Imagem: Hot Pixels Photography/Shutterstock)

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Nova lei admite que local foi roubado pelos colonizadores

O reconhecimento legal também estabelece o entendimento que houve o roubo da montanha dos maoris da região de Taranaki após a colonização da Nova Zelândia. Por isso, cumpre um acordo de reparação do governo do país aos povos indígenas pelos danos perpetrados contra a terra desde então.

Os colonizadores tomaram a montanha das tribos depois que o explorador britânico Capitão James Cook avistou o pico de seu navio e o rebatizou de Monte Egmont. Em 1840, tribos maoris e representantes da coroa britânica assinaram o Tratado de Waitangi, documento fundador da Nova Zelândia.

Governo da Nova Zelândia cumpriu acordo de reparação com os povos nativos (Imagem: hyotographics/Shutterstock)

Na oportunidade a coroa inglesa prometeu que os povos nativos manteriam os direitos sobre suas terras e recursos. No entanto, o acordo foi violado pelos europeus, que proibiram que os maoris promovessem seus rituais na região por décadas.

Os novos direitos legais essencialmente dão às tribos mais poder para defender a saúde e o bem-estar da montanha em uma época em que ela se tornou um local popular para turismo, caminhadas e esportes de neve. Apesar das mudanças, aprovadas por unanimidade no parlamento, o local continuará sendo um destino acessível ao público.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.