Trump ordena caçar palavra “imigrante” em acordos de chips

Funcionários do Departamento de Comércio receberam uma lista com 150 termos para revisar contratos do CHIPS and Science Act
Por Bruna Barone, editado por Ana Luiza Figueiredo 12/02/2025 14h47
Donald-Trump atrás de um microfone
Imagem: Evan El-Amin/Shutterstock
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O presidente Donald Trump exigiu uma revisão de contratos federais para localizar palavras como “imigrante” e “diversidade” nos documentos. A ordem se aplica a acordos fechados sob o guarda-chuva do programa CHIPS and Science Act, segundo a CNN americana.

Funcionários do Departamento de Comércio responsáveis por supervisionar fábricas de chips semicondutores receberam na sexta-feira (7) uma lista com 150 termos que deveriam ser pesquisados até terça-feira (11).

Imigrante, indocumentado, assistência estrangeira, Green New Deal, mudança climática, diversidade, equidade, racismo, discriminação, transgênero, LGBT, aborto, grávida, controle de natalidade e feto foram alguns dos termos buscados.

Segundo a reportagem, a Casa Branca pode estar planejando modificar contratos de empresas que priorizam requisitos considerados inadequados pela nova gestão — assim como as big techs abandonaram programas de diversidade e inclusão por pressão de Trump.

Contratos de chips podem ser anulados de acordo com as novas ordens executivas de Trump (Imagem: Yau Ming Low/Shutterstock)

O objetivo maior é impulsionar a fabricação nacional de semicondutores, reduzindo a dependência de outros países, especialmente a China. O governo repassou, inclusive, US$ 5 bilhões para o National Semiconductor Technology Center com esse propósito.

“As pessoas não apreciam totalmente o risco de que esta administração simplesmente anule esses contratos e comece do zero”, disse uma fonte à CNN. “Isso tem implicações de segurança nacional, implicações na cadeia de suprimentos.”

Leia Mais:

O que é o CHIPS and Science Act?

O programa criado no governo Biden foi aprovado no Congresso com maiorias bipartidárias, mas, segundo a reportagem, os republicanos têm reclamado que a antiga gestão impôs “muitos requisitos” relacionados à diversidade para qualificar os contratos.

A lei assinada em 2022 autoriza investimentos em pesquisa para “promover ideias inovadoras em todas as áreas da ciência e engenharia, ajudando os Estados Unidos a permanecerem como líderes globais em inovação”, diz o site da Fundação Nacional da Ciência.

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Biden assinou lei para acelerar fabricação de chips em 2022 (Imagem: fotocuts/Shutterstock)

Uma das empresas que podem ser afetadas com a revisão dos acordos é a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company, ou TSMC, única a operar uma fábrica de semicondutores avançados nos Estados Unidos. 

A companhia precisou “importar” trabalhadores qualificados de Taiwan para fazer a unidade funcionar — o que pode estar em risco caso o governo anule o contrato por não priorizar a força de trabalho americana.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.