Há quase 3,3 milhões de anos, ancestrais do Homo sapiens reproduziram um comportamento que marcou a chamada Idade da Pedra Lascada. Eles produziram lascas de pedra, dando início às primeiras ferramentas na África.
Agora, cientistas observaram o mesmo ato em um grupo local de macacos-prego dentro de uma fazenda em Montes Claros, Minas Gerais. A descoberta foi publicada nesta terça-feira (11) na revista PNAS, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.
“O desenvolvimento da tecnologia de ferramentas de pedra representa um momento crucial na evolução humana, permitindo que os hominídeos modifiquem seus ambientes além de suas capacidades físicas. Entender as origens dessa tecnologia é fundamental para desvendar a evolução do comportamento e da cultura humana”, diz o artigo.
O que os cientistas observaram nos macacos-prego de Montes Claros?
- Os macacos-prego-de-peito-amarelo da Fazenda Matos quebram nozes em uma posição bípede ereta, segurando um martelo de pedra com as duas mãos;
- Para atacar, eles se estendem até a altura máxima, levantando a pedra até o nível da cabeça, e então a trazem com força para baixo sobre a noz em um movimento descontrolado;
- Ocasionalmente, eles saltam levemente durante o movimento ascendente, possivelmente para aumentar o impulso.
Os pesquisadores também compararam as pedras dos macacos de Minas Gerais com um conjunto de materiais produzidos por macacos-de-cauda-longa na Tailândia. Assim, foi possível concluir que o comportamento é compartilhado por espécies separadas por milhões de anos e que ocupam ambientes diferentes.
“Combinado com evidências de outros conjuntos líticos lascados de primatas modernos, agora está claro que a produção não intencional de lascas afiadas é uma assinatura universal do uso de ferramentas de pedra percussivas.”
Até então, quatro espécies de primatas selvagens eram conhecidas por usar ferramentas de pedra, sendo que macacos-prego barbudos e macacos-de-cauda-longa foram descritos produzindo repetidamente pedaços lascados e lascas de bordas afiadas.
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Os cientistas afirmaram ainda que essa é a primeira espécie de macaco a produzir e usar uma ferramenta de pedra reaproveitada, e não apenas a selecionar pedras aleatórias. Anteriormente, esse comportamento havia sido observado apenas em chimpanzés e hominídeos.
A pesquisa foi conduzida por Tomos Proffitt e Lydia Luncz, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, e teve participação dos brasileiros Paula Medeiros e Waldney Martins, da Universidade Estadual de Montes Claros.
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