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O envelhecimento biológico é medido usando relógios epigenéticos. No entanto, o funcionamento desses dispositivos não é inteiramente claro. Por exemplo, no que eles se baseiam para inferir que estamos envelhecendo ou não?
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Um estudo publicado em janeiro na revista Nature Aging descobriu uma pista importante, que pode mudar nossa compreensão sobre nosso próprio envelhecimento: os relógios epigenéticos são sincronizados com mutações aleatórias que surgem no DNA.

Como funcionam os relógios epigenéticos?
Antes de tudo, vamos entender o funcionamento dos relógios epigenéticos. Esses dispositivos medem o envelhecimento a partir da metilação do DNA, um tipo de modificação química nas moléculas que formam o código genético.
Porém, segundo Jesse Poganik, pesquisador do Brigham and Women’s Hospital e instrutor de medicina na Escola de Medicina de Harvard, que não esteve envolvido na pesquisa, os relógios epigenéticos são muito criticados por serem uma “caixa preta”, sem revelar o que realmente causa essas mudanças. Há outra dúvida: estaria esse processo impulsionando o envelhecimento ou é apenas um reflexo dele (como as rugas, por exemplo)? Em entrevista ao site Live Science, Poganik afirmou que “qualquer compreensão adicional dos mecanismos em jogo nos ajudará a avançar no campo”.
É aí que entra a pesquisa.

O que a pesquisa diz sobre o envelhecimento
A pesquisa começou quando o Dr. Steven Cummings, coautor sênior, teorizou que as mutações no DNA podem estar ligadas às mudanças medidas pelos relógios epigenéticos (a metilação).
Durante o trabalho, eles descobriram que a metilação influencia as mutações no DNA e vice-e-versa. O próximo passo foi entender se esses processos tinham relação ou não com o envelhecimento. Veja como foi:
- A equipe usou dois bancos de dados pré-existentes, o Cancer Genome Atlas e o Pan-Cancer Analysis of Whole Genomes;
- Foram analisados dados de mutação e metilação de DNA de mais de 9.330 pacientes com câncer. A maioria dos dados veio de biópsias de tumores, mas alguns eram de amostras retiradas de tecidos saudáveis;
- Com isso, os pesquisadores descobriram que a mutação causava um aumento na metilação. A relação entre os processo ficou clara, mas eles ainda não sabem o motivo por trás disso;
- Em seguida, a equipe construiu relógios epigenéticos com bases nos padrões de mutação e metilação do DNA, separadamente. Na hora de medir o envelhecimento, os dois fizeram previsões semelhantes, sugerindo que ambos processos estão ligados ao nosso envelhecer.

O que isso significa?
A pesquisa confirmou a hipótese inicial: mutações e metilação do DNA estão relacionadas entre si, e relacionadas com o envelhecimento. Ainda, pode ser que elas façam parte ou dependam de um terceiro processo desconhecido, mas, por enquanto, essa nova relação não foi comprovada.
Mas o que muda para nós? Segundo Cummings, os resultados mostram que as mutações do DNA impulsionam o envelhecimento, enquanto a metilação medida pelos relógios simplesmente reflete o processo.
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Se esse realmente for o caso, a busca pela reversão do envelhecimento tem um novo desafio: os pesquisadores terão que descobrir não só como parar a metilação, mas também como pausar as mutações.
Ideker sugeriu que, no futuro, será possível desencadear essas mutações em laboratório e monitorá-las. Assim, é possível entender os processos por trás do envelhecimento.